sábado, setembro 08, 2007

ORAÇÃO PELO BRASIL

(A propósito das comemorações
dos 500 anos do Descobrimento)

Ó meu Deus, neste Brasil que comemora
os quinhentos anos da Esquadra de Cabral
faz com que o brasileiro sem demora
descubra o amor do Cristo em sua vida
abrace um movimento de fé que dê partida
ao sorriso fácil como de criança no Natal.

Se no começo do século dezesseis
um séquito de homens com o Navegador
ao içar as velas em alto mar aqui fez
nascer a nação que hoje atende por Brasil
faz vera, a Cruz, para este povo varonil
dando-nos a graça do Cristo Salvador.

Poucos dias após a chegada dos portugueses
Henrique Soares de Coimbra e os tripulantes
celebraram a cerimônia religiosa que tantas vezes
esta terra, os nativos, assistiram no escuro
foi no ilhéu da Coroa Vermelha, em Porto Seguro,
e assim a “terra brasilis” nunca mais foi como dantes.

Mas, meu Deus, na base primeira deste povo
composta de índios das tribos tupiniquins
fez-se necessário dela ser feito algo novo
pois trocavam preciosidades por espelhos
e até hoje por causa dos jesuítas e seus conselhos
trocam o Deus verdadeiro por ídolos e afins.

Quando em mil, quinhentos e dezessete
Na Alemanha de Lutero as teses surgiram
os fiéis, unidos, jogaram confete
para as portas espirituais que se abriram.
E por toda a Europa houve repercussão
do jeito novo de falar da Salvação.

Mesmo assim, pouco depois, na bélica Espanha
como braço católico da torpe Inquisição
Ignácio de Loyola, usando de artimanha
da dita Companhia de Jesus lança a fundação.
Foi em mil, quinhentos e trinta e quatro
que a contra-reforma usou desse aparato.

E o Brasil ganhou como brinde dessa história
um homem que o Papa ainda hoje quer santificar.
José de Anchieta, que está, bem presente na memória
como o “santo” que a um cidadão mandou matar.
E o que ganhamos nós com este estrupício
que de Jesus, na cruz, esquece o sacrifício?

Outro relato que as páginas do Brasil registra
do aventureiro Hans Staden que mesmo muito ágil
Pouco tempo depois, no litoral paulista
o alemão protestante foi vítima de naufrágio.
E quando os canibais o quiseram saborear
foi salvo por um Salmo que pôs-se logo a cantar.

Foi no dia dez de março, do ano de cinqüenta e sete
daquele século dezesseis num país de solo agreste
que o pastor Pedro Richier, calvinista de quatro costados
pregou o primeiro sermão protestante por estes lados.
O comandante Villegaignon autorizou esta celebração
da invasão francesa que fugia da Inquisição.

Se os franceses chegaram ao Rio, na Baía de Guanabara,
os holandeses, no nordeste, quiseram cumprir sua tara.
Chegaram então ao Recife e dominando toda a costa
expurgaram o catolicismo e a reformada igreja imposta
trouxe um tempo de prosperidade nas abas de Nassau
surgindo até sinagoga judia, da democracia liberal.

No século dezessete expulsos do nordeste brasileiro
os holandeses desistiram e fugiram do vespeiro
da incitação Católica, em tom de “Guerra Santa”.
Até que a realeza de Portugal, chegando por estas bandas
sob conselhos do embaixador inglês, que como bom protestante
quis fazer do Brasil freguês da Inglaterra tão distante.

Já agora se vivendo no Brasil um novo tempo
em mil, oitocentos e dez foi marcado um grande tento.
O monarca concedeu tal liberdade de culto aqui
que tinha crente convertendo até macaco e sagüi
mas tudo não passou de ardil com interesse comercial
dos ingleses e D. João VI, sob a égide imperial.

Em mil, oitocentos e dezenove; dia doze de agosto
o Rio de Janeiro viu surgir com grande gosto
a pedra fundamental do primeiro templo protestante.
Era o marco inicial do protestantismo de migração
que o país inteiro viu nascer naquele instante
como sucedâneo direto do protestantismo de invasão.

Quatro anos depois, mês de maio, dia três,
a terra do Morro Queimado como cidade se fez
ao chegar a grande leva de protestantes alemães
o Brasil brasileiro em Nova Friburgo algo bom
viu nascer para alegria da terra das nossas mães
no primeiro culto e sermão de Friedrich Sauerbronn.

Mas nem só de luteranos, sejam alemães ou suiços
faz-se um país evangélico e todos sabemos disso.
Então a Igreja Metodista dos Estados Unidos da América
no ano de trinta e cinco com muita coragem e oração
naquele século dezenove deixa uma grande marca
o novo movimento chamado: protestantismo de missão.

Se os primeiros missionários, marinheiros e comerciantes,
em inglês ou noutra língua pregavam para imigrantes
o fato é que pouco depois chega ao Brasil um casal
que em Petrópolis faria uma obra de grande porte
Robert e Sara Kalley, da Igreja Congregacional
amigos de Pedro II, fizeram mudar nossa sorte.

Naqueles tempos difíceis destas terras de exploração
é sabido o grande fato que no Brasil português
dominado pelo papado protestante não tinham vez
pois nos dias de Noé “casavam-se e davam-se em casamento”
e no Brasil para nascer, casar, morrer, ter comunhão
antes da chegada dos Kalley, para os crentes era tormento.

Os tempos foram passando trazendo maior abertura
para a colonização estrangeira que conquistou nossas terras
implantando vilas, cidades, nos litorais e nas serras.
E ainda no século dezenove, cinqüenta e nove era o ano
chegou o grande missionário que mudou nossa estrutura
Ashbel Green Simonton, o primeiro presbiteriano.

Nesta época inicial do protestantismo de missão
um fato se destacou, foi a conversão de um padre.
O famoso “padre protestante” abalou a igreja madre,
pois José Manoel da Conceição, logo testemunhando
em vários rincões do país, proclamou sua conversão
e os que punham a fé no Cristo ele ía batizando.

No ano setenta e um, um grande marco se deu
a colônia americana de Santa Bárbara d’Oeste
organizou a primeira igreja batista inconteste
ainda foi uma igreja voltada para o estrangeiro
mas que logo fez surgir, fruto do trabalho seu
a Igreja da Estação que alcançou um brasileiro.

Antônio T. de Albuquerque, o primeiro batista do país
era também um padre, que logo se converteu
e ingressando nas fileiras batistas não mais se arrependeu.
Com a chegada do primeiro casal de missionários
William e Anna Bagby, os batistas criaram raiz
no ano de oitenta e um, eram eles visionários.

Mas foi em quinze de outubro, um ano após a chegada,
que os missionários batistas deram a grande largada
em Salvador, na Bahia, como fruto primordial.
Junto com o casal Taylor, outro que desceu o Equador,
organizou a igreja que o oficial historiador
Reis Pereira reconheceu como marco inicial.

Já no início do século XX - em mil, novecentos e onze -
uma nova trombeta ecoou, fazendo tinir o bronze.
Surgiu a Assembléia de Deus, decana do pentecostalismo
com Daniel Berg e Gunnar Vingren, egressos da igreja batista
na cidade de Belém do Pará e como a história registra
reuniam-se nos porões da Igreja, pregando um novo batismo.

Já salientou a Sociologia, o gérmen da divisão
está presente no protestantismo desde a sua fundação.
Assim sendo, o século XX, viu nascer muitas igrejas
seitas e denominações se implantaram nestes trópicos
pregando da teologia, só as partes, apenas tópicos,
que beirando a heresia roubaram do bolo as cerejas.

Na segunda metade do século, em setenta e sete é formada
a Universal do Reino de Deus, uma igreja muito polêmica
que marcou o uso ostensivo dos meios de comunicação.
Edir Macedo seu bispo, fundador e patriarca
abusou do emocionalismo e a teoria sistêmica
deu lugar a um Evangelho barateado na televisão.

Assim, depois dos percalços do início de sua era
os evangélicos brasileiros cresceram em profusão
tornando-se o grupo religioso - que nestes anos dois mil
do Oiapoque ao Chuí, nas cidades ou entre feras
o estandarte do Evangelho colocado em ação
por quase trinta milhões - mais cresceu neste Brasil.

Mas meu Deus, agora sei, que o grande desafio
já não é o crescimento e nem mesmo aceitação,
pois ficou fácil ser crente no meio de tanta gente.
Peço, então, Senhor meu Deus, que nos poupe o desvario
de qualquer investimento que não seja a salvação
deste povo brasileiro que precisa ir em frente.

Permita, ó Pai, que teu povo aqui na terra humilhado
do passado arrependido pelos caminhos que trilhou
abandonando tua Palavra, esquecendo-se do amor.
Também reconheça seus erros e converta-se do pecado
te busque de coração e ao Cristo que se entregou
pois “Feliz é a nação, cujo Deus é o Senhor”.

Laranjais, RJ, 21/04/2000 (23h15m)
Nova Friburgo, RJ, 04/05/2000 (06h37m)

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