quarta-feira, agosto 06, 2014

FUNIL HUMANO

Passos apressados
e os pés parecem
conduzir o corpo.
A mente não está ali.
Os olhos vagueiam
procurando o nada.
O corpo passeia pelo calçadão:
braços que esbarram braços;
olhos que fitam abraços
de namorados                                                      distantes
que se instalaram
no lugar do encontro.
A mente sucumbe ao marasmo
à mesmice
à rotina
da caminhada apressada
em meio a turba
que delimita o destino
construindo um funil humano
que desemboca
na grande Avenida.
Pra muitos a vida é:
uma pista engarrafada,
cercada de arranha-céus,
dominada por ruídos,
salpicada de luzes e cores
que engole a convivência
aniquila a comunhão
tritura a existência
e vomita solidão.

Josué Ebenézer Niterói,
30 de Junho de 2014 (18h05min).


LIBERDADE PARA A POESIA

Quando peguei a caneta azul
para escrever o meu poema
sequer pensei que de Norte a Sul
voejasse inspiração sobre mim
e da escrita fluísse o tema
em transbordar de emoção sem fim.

Nunca imaginei esta vivência
num exalar dessa poesia...
E assim se fez a experiência,
e assim soprou suave brisa,
que expulsou a rebeldia
sorriso fácil, de Mona Lisa.

A poesia é ave sonora,
que canta o canto da liberdade
quando presa numa gaiola.
E vive a enxergar o outro espaço
e quer sobrevoar a cidade
rompendo com grilhões de aço.

Deixai a poesia voar liberta
pelo céu azul de todos sonhos.
A poesia o amor desperta
no bom fluxo do sentimento
a alcançar êxtases tamanhos
para sempre, não de momento.

Josué Ebenézer Rio de Janeiro,
01 de Julho de 2014 (06h44min).


O CÚMULO DA COINCIDÊNCIA POÉTICA

Você acordar bem cedo
com o fito de plantar feliz
a muda que adquirira esperançoso
da estufa do floricultor amigo
e, encontrar em seu quintal
que há anos não visitava –
uma desconhecida roseira toda florida...

Josué Ebenézer Rio de Janeiro,

01 de Julho de 2014 (06h15min).

AVESSO

Escorre como sangue
o sumo da terra que geme o descaso.
Avilta como tapa na cara
a química que invade o solo.
As matas desaparecem
e o cenário transmuda-se em sequidão.
A terra abre-se em rachaduras que expõem a aridez.
E a Sociedade assiste a degradação ambiental,
como se nada lhe dissesse respeito.
E, alguns, até esbravejam que não há jeito.
Tem que ser assim mesmo!
Mas, o mundo exposto ao avesso
na nudez da originalidade,
na crueza da Natureza:
geme a perda da fertilidade,
o esgotamento do solo,
a escassez das águas,
o desaparecer do verde,
o esvair da vida...

Quem há de trazer de volta o verde; a vida?
O avesso do avesso é a volta à superfície.
É preciso retornar de profundidades.
E recolorir o mundo,
reverdejar os vales e montanhas,
repovoar os céus, a terra e os rios
das espécies que caminharão
(junto com a humanidade)
em direção ao Paraíso.

Josué Ebenézer Rio de Janeiro,

01 de Julho de 2014 (06h10min).