segunda-feira, novembro 05, 2018

BANDOLIM


Amizade pé de serra
Nas noites de sexta-feira
Jogando conversa fora
Falando qualquer besteira.
O bandolim a tocar
Qualquer música, canção
A gente a conversar
As coisas do coração.
A panela de caldo verde
A tigela a fumegar
Eu desejando ver-te
Mais do que saborear.
Alguém conta piada
Sem graça como ele só
E é pura palhaçada
Todos riem, mas com dó!

No encanto daquelas noites
De passados tão distantes
As estrelas eram açoites
Nas tristezas aviltantes.
Bandolim choramingando
Canção triste ao luar
O coração caxingando
Com vontade de chorar.
Pela porta do coração
O frio da madrugada
No bandolim, a canção
Ordenou sua retirada.
Lá pelas tantas, um a um
Os amigos vão saindo
Alguns tomavam seu rum
Outros já iam dormindo.

Cheguei em casa apressado
A garoa que me levou
Pra debaixo do telhado
Que um dia me abrigou.
Fui presto para a cama
Encontrar o travesseiro
Aquele que o sono ama
Nela joga-se por inteiro.
E os sonhos daquele sono
Foram ao som do bandolim
Lancei-me ao abandono
Pedi com fé: rogai por mim!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
28/10/2018 (05h45min).

PRELÚDIO DA CRUZ


“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim,
diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir,
o Todo-Poderoso” (Apocalipse 1.8).


O
MEU
CO
RA
ÇÃO,

MARCADO CRUELMENTE PELO PECADO:
VAZIO, AFASTADO DE DEUS
E SEM SALVAÇÃO E ESPERANÇA!

O
SAN
GUE
DE
JE
SUS
NA
CRUZ,
TOR
NA
PU
RI
FI
CA
DO!


Josué Ebenézer Nova Friburgo,
17/10/2018 (04h26min).

NAU BRASIL

Que ondas conduzem o pensar
do poeta por tão bravios mares?
A tempestade açoita a embarcação,
mas o poema não parece soçobrar.
Eis que com os nervos à flor da pele,
o Brasil sobrevive os dias atuais.
E o poeta escondido no porão
compõe, silente, uma breve oração.

Volte pro Continente, poeta!
O mar bravio agita o barco.
Estão desacreditados os marinheiros,
o condutor já deixou o timão;
estão com medo os passageiros,
perplexos diante desta confusão.

Fracotes se escondem nas abas
de antigos poderosos regionais,
que insuflam trabalhadores na lida
com promessas de riqueza e paz.
Com data de validade vencida
seu discurso é remédio ineficaz!

Vou singrando nestes mares, ao vento
duma esperança que trago no peito.
Trago de longe, doutros mares, alento
de que um dia, meu Brasil, vai ter jeito.
Vou com pernas, que têm asas, do Espírito
por honra de promessa do passado.
Dou saltos, de vaga em vaga, e neste rito
meu poema vai sendo impulsionado.

As musas, nestes tempos, se afastam;
tenho sossego de outras inspirações.
Os temores, pelo Brasil, me assaltam;
mais que das musas, as provocações.
As nuvens, nestes tempos, me cobrem;
trazem dos céus, as perfeitas soluções...

País partido, quebrado, dividido;
gente arrasada por horrenda corrução.
A revolta se instalou e sem sentido,
se vê luta de irmão contra irmão.
São extremos opostos das ideologias
que poluem esta nossa embarcação.
São maus, muito maus, os nossos dias
de fazer cortar o mais duro coração.

Mas o poeta trafega nestes tempos,
enxergando com a alma em frescor,
arejada pelo sopro de outros ventos
que infundem nas vidas paz e amor.
Não há lugar pra outros sentimentos:
“Feliz nação que tem Deus por Senhor!”

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
17/10/2018 (04h59min).