sábado, setembro 08, 2007

ERA LOUCO, O FREDERICO!

Dia desses, em minha casa
contemplando a Noemi
não agüentei de felicidade
ao ver minha filha sorrir.
E disse pra minha esposa
a respeito de tudo isso
que ela aprendera primeiro
a linguagem do sorriso.

Não! Disse-me resoluta.
O sorriso não foi a linguagem
que ela adotou primeiro.
Bem antes do travesseiro
aconchegá-la no berço
o berro foi sua fala.
Sem se importar com o decoro
a sua primeira linguagem
foi a linguagem do choro.

É verdade, toda criança
sem falar qualquer palavra
é mestra na comunicação.
O Criador as dotou, cada uma,
com especial dom que, em suma,
improvisa a conversação.
E como num solo de jazz
o que toda criança faz
é ser original na canção.

Ai meu Deus, que tormento
a experiência do césar romano
de que agora eu me lembro.
Quis descobrir para o mundo
qual teria sido o primeiro idioma
falado pela civilização.
Preparou uma amostragem
em que vários bebês
ficariam sem comunicação.

Como era louco o Frederico,
o imperador romano
que propôs tal absurdo!
Hebraico, grego ou latim?
Pensou ser de utilidade
descobrir sua originalidade.
E sua ordem foi essa:
Alimentem as crianças
porém, nada de conversa!

E, então, as amas-de-leite
que receberam a incumbência
prestaram um juramento:
Não podiam emitir som,
deviam amamentar em silêncio,
para sucesso do experimento.
E ao fim da provação,
de um ano tão sofrido,
os bebês haviam morrido.

Ah, meu Deus, quanta estultícia,
embutida em tal notícia
sobre a intenção do czar.
Precisava alguns bebês
no meio de tanta dor
suas vidas eliminar?
Não sabia o imperador
que o primeiro idioma da terra
é a linguagem do amor?

Hoje, quando percebo a Noemi:
olhando, sorrindo ou chorando
me pergunto se estou amando.
Pois meu Deus, tu mesmo ensinaste
em seu Filho que morreu na cruz
sofrendo a dor que era minha.
Que o meu querido Jesus,
foi o grande embaixador
da linguagem primeira do amor.

Nova Friburgo, 10 e 21/05/2000 [18h39m]

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