segunda-feira, dezembro 31, 2018

NOTA EXPLICATIVA DO PÚLPITO DO MUNDO


Benditas prédicas
fazei uma pausa
no culto sensível
eu tenho uma causa.

Na nave do templo
nos bancos tão duros
nos vitrais coloridos
nas quedas dos muros.
Nas vozes infantes
nas preces arfantes
nos choros contidos
nas dores cortantes.
Nas lágrimas soltas
no ritmo da música
nas grandes emoções
por elas envoltas.
Em tudo eu vos ouço,
benditas prédicas!

Preencheis todo espaço
destravais as portas
dos tempos passados
das mortes invisíveis
que a vós ouviram
que à voz do Espírito
de pronto sucumbiram.
Um Nome foi soprado
aos ouvidos do mundo
esse Nome tem poder
e é poder profundo.

Ó, povos, escutai:
Comei o pão da Ceia
se corre em tua veia
o sangue puro da fé.
Bebei o cálice de Cristo
se em ti pode ser visto
um novo ser de pé.
E continueis a ouvir
desde tempos imemoriais
o que o Espírito ensina.
Benditas prédicas
vós varais os tempos
e todas gentes e povos
que vos ouviram
se fizeram novos.
Há gente que hoje pede:
Fazei uma pausa!

Sintetizais a Teologia
de púlpitos famosos
dos grandes pregadores
oradores ardorosos.
Sois mente e mão
de mestres, professores
a pena com emoção
de sábios escritores.
A filosofia dos gregos
a doce oratória latina
a mística fé judaica
a ousadia dos cristãos
em vós se resumem.

Benditas prédicas
besouros nos átrios
pássaros nos ares
que pousam em mentes
e viajam pelos mundos.
Abelhas frementes
produzindo seu mel
corações ardentes
libertos do fel.
Gados nos campos
pastando nas gramas
músicas nos pântanos
pautas, pentagramas
viagens nas mentes
no culto sensível!

Benditas prédicas
envoltas em mistérios.
Sois o grito de esperança
de mártires do passado
que continuam ecoando
aos ouvidos do mundo.
Sois o grito dos que foram
jogados às feras
nos coliseus romanos.
Sois o choro abafado
de todas as eras
contidas nos atos
mais desumanos.
Sois a voz dos oprimidos
dos homens do porão
abandonados, esquecidos
como se fossem carvão.
Sois a cruz e a espada,
o sofrimento e a dor
dos que tiveram a jornada
interrompida sem dó.
Ouço as vossas palavras
profecias messiânicas
das miragens fecundas
das promessas balsâmicas.
Benditas prédicas
suas Palavras de Deus
apontam aos homens
o Caminho dos Céus!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
31/12/2018 (06h58min).

INSTANTÂNEO ESPIRITUAL


Some na congregação
em meio ao povo crente
minha fé, minha canção.
Ah, como sou carente!

O povo canta bem alto
na ministração do louvor.
Sou tomado de assalto
por um ardente fervor.
Sou um arrepio de fé
leve expressão de alma ré.

No templo superlotado
as vozes em som profundo
sou um ser descontrolado
ensimesmado com o mundo.

Em mim mesmo absorto
arremedo de esperança;
um homem já quase morto
carecendo de bonança.

Enquanto o povo canta
em faces de pura alegria
o som mavioso da paz.
Percebo que ali subjaz
algo novo que encanta
e propõe Santa Utopia!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
30/12/2018 (10h10min).

FIM DE ANO


O ano morto pesa sobre mim
como torrentes d’águas de chuvas
na cabeceira do rio da vida
por entre as montanhas do ser.
Meu corpo sofre a precipitação
dos embates travados no Cronos
dos dias findos na memória...

O que foi não voltará mais
e o sorriso é uma pálida lembrança
de se estar vivo por mais um tempo.

Dentro em pouco,
cada qual fará, do seu jeito
o sepultamento de mais um ano
que já não mais será:
apenas matemática
na contabilização angustiosa
do já vivido
ante o encurtamento cruento
do por viver...

Serei o sonho do possível
ao acordar no Novo Ano.
O que é a vida?
Apenas uma contagem do tempo
por anos, meses, semanas e dias
no calendário do mundo?
Que é o tempo se não
uma marcação sem memória,
sem apreensão.
Não se consegue aprisionar o
tempo na vida.
Não se consegue parar o tempo
na ampulheta.
Não se consegue congelar
os cromossomos e gens
para não se corromperem.
Não se consegue domesticar
a alma para não sofrer...

Preciso de um deus, preciso de Deus!
Um deus qualquer não resolveria
minhas angústias e incertezas.
Um deus qualquer não me apontaria
caminhos de vitória e eternidade.
Preciso de Deus!
Só ele pode trazer alívio à alma
e ele faz um suave convite para isso:
Vinde à mim!

O Ano Novo está logo ali,
E, em seguida, a vida.
Viver, seguir a vida,
deixar Deus agir, confiar...

É apenas um marca-passo do tempo,
mas o Ano Novo é pressuposto
de chances; novas oportunidades.

Eu quero crer! Eu quero ser! Eu quero fazer!

Vem comigo!

Deus está aqui, bem perto, no coração.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
30/12/2018 (08h55min).