sábado, setembro 08, 2007

NOITE DE ÁGUAS

Noites de águas -
vitrines derretidas do amor.
Travesseiros encharcados
em visões de manequins
decompostos.
A noite é uma dor.
Violeta, a sua cor.
A espada cortante
aponta o centro do cérebro.
Dâmocles se ouriça
empertigado nos sonhos da noite.
A água pinga.
A aguardente
queima a ponta da língua,
que puxa pra dentro da boca
a lágrima quente e salgada
que desce face abaixo,
que sulca o rosto sofrido,
que desperta compaixão.
O estado de Juan Pablo é febril.
O cobertor suga o corpo
molhando a cama.
E ele delira -
copo e frasco -
e sua ira
vai dando lugar a revolta.
O tempo faz volta
em sua cabeça.
Besteira!
Ele se mexe.
Está prenhe de inquietude;
assombra-se com a noite.
É preciso uma nova atitude.
O suor e as lágrimas se juntam
e Juan Pablo abre os olhos,
abre um sorriso,
dá sinal de vida.

[Jess.] Nova Friburgo, 06/05/2000. (20h50m)

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