terça-feira, julho 29, 2008

Decepção!

Eu nem sei que horas são.
Eu só sei que agora dói meu coração.
Eu nem sei mais dizer o que é fé.
Só sei que em minha vida
a esperança e a alegria deram marcha a ré...

Como a planta germina na terra e precisa
do carinho do solo envolvendo-a
(para neste aconchego subsistir e vingar...).
Meu coração germinado de amor
viu a terra de seu solo desmoronar
e as rachaduras da frustração,
como frestas de decepção,
erodirem a semente que estava ali para frutificar.

A seiva maldita do escárnio, da zombaria,
da maledicência e da calúnia
se infiltra célere nas brechas diabólicas
de homens que de Deus só tem a Criação.
Profissionais da fé que manipulam sistemas e coisas,
gentes e consciências, para seus fins espúrios de
encherem a aljava de setas satânicas
para diabólicas conquistas.

Ah, meu Deus! Até quando assistiremos inertes
as profundezas do inferno abalarem a igreja?
Até quando in nomine Dei será desculpa
para falsários se apropriarem do seu Reino,
salafrários se infiltrarem nos corredores eclesiásticos
e cuspirem sua peçonha mortífera no rosto de
inocentes criaturas que só querem
uma oportunidade de serviço cristão?

Tem misericórdia do povo que se chama pelo seu nome
e cuida deste escrevente que está morrendo
por dentro e precisa neste instante do Cristo Sofredor
para lhe ajudar a atravessar este Vale de Sombra da Morte.

Nova Friburgo, 15 de Julho de 2005. (4h50m).

Ai, Meu Filho!

Antes que tenhas que chorar por um filho,
lamentar seus descaminhos e a dor do sofrer,
lamuriar a todo instante, sem ao menos saber
se terás de volta a paz do filho retornado ao lar...
Digas para ti mesmo: - Meu filho quero te amar!

Antes que tenhas de perder as noites de um sono
que não conciliastes, e curtir a dor do abandono
por quem tanto amaste. E na noite, o sonho,
se transformar em pesadelo medonho:
Na escura noite da solidão do amor...

E antes ainda, que já sem esperanças,
nos teus olhos as lágrimas secarem
e teus sonhos murcharem
e antes que teu mundo seja despovoado de crianças
faça a ti mesmo um favor!

Erga os olhos para ver ao teu redor
e enxerga teu filho clamando tua ajuda,
e pedindo teu carinho, e implorando teu amor.
Não te faças de pessoa cega, surda e muda
aos sinais vitais de socorro do menor...

Nova Friburgo, 30 de Maio de 2005. (6h39m).

O QUE FALTA AINDA

O que falta ainda
para concluir minha jornada;
dar por encerrada
minha trajetória de ovelha muda e tosquiada?

O rebanho do Pastor
não é negociado na Bolsa de Valores.
Nem corações sofredores
são medidos e pesados pela dor!

As ovelhas desse rebanho
não são números nas estatísticas
nem se prestam a intenções cabalísticas
de quem queira fazer crescer seu tamanho.

Não é um rebanho fechado,
o aprisco nunca fica lacrado,
como a impedir a entrada de mais alguém!
O Pastor do rebanho não trata a ninguém com desdém...

O mundo está difícil
eivado de tanto vício
e tomado por transgressão.
No rebanho do Pastor nos tornamos irmãos!

O que falta ainda -
para deixar de ser ovelha -
é de Deus perceber a centelha
que transporta da terra ao céu em estrada linda!

As ovelhas da Terra
como Elias subirão no renovo
em carruagens construídas com fogo
para a posse das delícias que o Céu encerra...

Nova Friburgo, 03 de Maio de 2005 (6h52m).

SAUDADES

Quando choro ao te ver partindo,
uma dor no meu ser sentindo
achando que já não resta mais nada.

Percebo que sentirei saudade de tua vida,
mesmo que não consiga fazer despedida
e que te tornes só pessoa imaginada.

É que tua presença foi mais que existência:
Foi luz divina, irradiação de inteligência,
num mundo árido, absorto em trevas.

Buscarei luz no meio dessa escuridão,
me sentirei só, mesmo em meio à multidão,
mas seguirei para onde tu me levas.

Pois a saudade é mais forte que tudo,
e põe palavras de amor em coração mudo
e canções de esperança no reino da solidão.

Sentir-me-ei mais forte neste novo dia,
quando pleno de lembranças, santa utopia,
lembrar de ti, recordar, e encontrar razão!

Nova Friburgo, 02 de Maio de 2005. (7h30m).

LÁGRIMAS

A J. J. Soares Filho

Quando você se foi
havia em cima da mesa um jarro
e dentro uma rosa branca que murchava.

E eu olhava a rosa
se despetalando a cada dia útil;
e me sentia inútil enquanto a rosa olhava.

Sobre aquela mesa,
de uma fórmica marrom cruel,
as pétalas caíram todas ao redor do vaso.

Apenas uma ficou,
presa a haste como um papel,
onde a vida não mais escreveria pelo atraso.

E em cada pétala caída
vi esvair-se um pouco de minha vida
num sonho que ia transformando-se em dor.

Já não o teria mais perto.
No leito, seu ser exaurindo-se desperto,
em olhos inquietos que ainda transmitiam calor.

Percebi que as pétalas
(largadas na mesa e ao vento)
eram lágrimas perfumadas do meu coração.

Até que a última - da haste
soltou-se - e trouxe naquele momento
a lágrima mais quente da triste separação.

Nova Friburgo, 02 de Maio de 2005 (7h55m).

VERSOS SOLTOS

A Katia Cardoso Soares

Katia! Minha querida,
paixão da minha vida,
desejo de meu coração!

Sonho sempre com você,
anseio logo lhe ver,
tocá-la com minha mão!

Quero senti-la bem perto,
amá-la muito, decerto:
Isto é desejo intenso!

Não fico sequer um segundo
- você domina meu mundo -
sem pensar em tudo que penso!

Amá-la por horas a fio...
Nosso calor espantar o frio
debaixo de um cobertor!

Tocando sua pele suave
voar bem leve, qual ave:
Nos sonhos de nosso amor!

Katia! Você me faz delirar
seu corpo na febre de amar
convida a desejo e paixão!

Por isso, mesmo longe estando
sua lembrança me confortando
reina paz em meu coração!

São Fidélis, 29 de Abril de 2005 (23h15m).

JUBILEU DE OURO

A Igreja Batista em Santa Maria Madalena

Hoje se contam, completos, exatos:
Cinqüenta anos de um dia especial.
Juntamos da história eventos e fatos
e não esquecemos da Igreja o natal.

Em Madalena, uma Igreja Batista
surgiu como obra e fruto da fé.
Na Bíblia Sagrada mantendo a vista
com gente humilde se pondo de pé.

Mas, Senhor, a história não acabou!
Cinqüenta é apenas um belo começo
de algo que ainda não se realizou...

E a vida da Igreja no altar de Deus
crendo no Cristo que pagou o preço
futuro de glória terá para os seus.

Santa Maria Madalena, 24 de abril de 2005 (11h40m).

FLOR BELA

A Florbela Espanca

Tu és a flor que o jardim da poesia apresentou
para eternamente amar e amar perdidamente.
Teu amor não é feito de palavras que vento levou
ou que águas correntes, abissais, afastou da gente.

És a primeira flor da primavera, quando o sol reluz.
E que um passante atraído, pelo amor envolvido,
no jardim da vida colheu pra si - mesmo sem fazer jus -,
para reter hoje e sempre teu perfume esquecido.

Tua volúpia me encanta, quando meu ego estanca.
Este jeito de amar sem amar: Fazer poesia!
No frasco do pensamento reterei teu sentimento.

E sempre que a nuvem sombria, em uma noite fria,
me atravessar o andar. Inalarei do amor sete gotas,
vestir-me-ei de frases marotas, e por-me-ei a amar...

Nova Friburgo, 10 de Abril de 2005. (13h45m).

quinta-feira, julho 10, 2008

O HOMEM DO QUADRO CHOROU

A sala era ampla e de muitas cadeiras.
O espaço nobre e as paredes cobertas de quadros:
Gente antiga, de semblante sério!
De parecença importante para o povo daquele lugar.
As molduras bonitas e as fotos enormes
emprestavam ao ambiente uma certa intimidade
- algo como se alguém nos olhasse de perto –
trazendo do passado a companhia de uma gente séria
que contrastava com as cadeiras vazias do lugar.
Será que aqueles homens dos quadros já se assentaram nestas cadeiras?

Alguns quadros eram pinturas:
Óleo sobre tela que custara a pose do retratado e o tempo e a arte do retratista.
Outros, fotos ampliadas aumentando a imponência dos modelos.
Tudo corroborava para que o ambiente ficasse carregado
de uma solenidade invasiva que me deixava atordoado.

Mas, de repente, o tom ficou ainda mais monocórdio:
Uma chuva torrencial cai e o barulho da água despencando do firmamento
faz do ambiente um lugar ainda mais
prenhe de recordação e memória.

À minha frente, um quadro com grande foto,
de homem grave e sério, trazia um vidro protetor.
E o vidro semi-embaçado pela poeira do tempo
reluzia tímido, refletindo a luz artificial do enorme salão.
E o homem do quadro sorria amarelo há pelo menos uns
cinqüenta anos, preso que estava na moldura daquele quadro
que também tinha vidro e tinha contornos definidos que impunham limites.

O moço, de bigode fino e ralo, espremia-se torto atrás do vidro sujo e frio.

Enquanto isso a chuva caía!
E o clima fazia-se frio e cada vez mais triste.

Até que as águas da chuva invadem a sala:
Pelas janelas. Pelo forro. Pelo lambri despencado do teto antigo.
Pelas paredes. E por onde mais houvesse uma fresta
de velhice que pudesse deixar passar águas incontroláveis.

Quando olho para o quadro de minha reflexão,
as águas escorrem pelo vidro que protege a foto da intempérie,
mas não impedem o homem do quadro de chorar...

Era como se o moço do quadro chorasse
o choro terminal de uma vida,
há tanto tempo represado naquele olhar distante e vazio!

Eram hipotéticas lágrimas de libertação
num convulsivo choro hipnótico
da fantasia de olhar a vida inteira
(vida de quadro em parede geralmente só começa com a morte do dono do rosto)
através das quatro paredes de uma sala fechada no tempo
e distante da vida que viceja lá fora, onde canta o sabiá...

O homem do quadro chorou - com a chuva daquela tarde -
o seu olhar perdido em direção ao infinito do não-existir.
E as lágrimas do moço do quadro de vidro -
na sala antiga da cidade velha -,
vertiam a esperança de tantos vivos que nem sequer retratos serão
nas carteiras dos entes queridos que dinheiro não têm para guardar!

Santa Maria Madalena, 26 de Março de 2005. (9h15m).

TRÍPTICO DA VIDA

1

Se existe dom supremo, só pode vir de Deus.
E que nome ele recebe, senão algo sublime?
Amor! É o próprio Deus vendo os filhos seus
que foram alvo na Terra da ação que redime.

Esse dom sublime, em suprema excelência,
amor que brota de Deus e logo dele emana.
Pois só nele tal sentimento é parte da essência
que na terra aos homens une e todos irmana.

Ah, amor! Vens de Deus e para onde vais agora?
Se não ficas em mim, sinto o moer de uma dor.
Se não ficares comigo, Deus presente da aurora

ao por do sol de uma vida que se abre em flor!
Amor, amor! Sentirei longo pesar e, abatido,
prosseguirei meu caminhar, triste e sofrido...

2

Por que? Por que estás abatida ó minha alma
e é triste o teu caminhar na face desta Terra?
Se o coração pede alívio e também a calma
em Deus encontras bálsamo que dor encerra.

Exercita-te naquela - que de todas as expressões
que o homem pode fazer -, o leva a se pôr em pé!
E que acende uma chama, brasa nos corações.
E que atende pelo nome; singelo nome de fé!

A fé é um remédio que levanta qualquer enfermo.
É força a animar o corpo e o coração cansado.
Que traz para o caminho o que se acha no ermo

e faz do oprimido um ser novo, revigorado.
A fé é alimento para sempre e todo instante
e na vida do crente se faz presença constante.

3

Além do amor e da fé, de que precisa o homem?
Que sentimento necessita para atravessar a vida?
Se os dias são frios, duros, áridos e já consomem
o que ele tem de melhor que é o motor de partida?

Então não fiques parado, esperando acontecer.
Quem sabe faz o tempo, faz a hora, e o momento.
A vida é pra ser vivida, tu nascestes para crescer.
A esperança é o motor que te põe em movimento.

Porque tens sonhos, caminhas; a estrada está aberta!
E a esperança que aninhas não está pra ti deserta.
É um oásis de vida, com sombra, água e amor.

Por isso desperta e prossiga com garra no coração.
Saboreie da árvore o fruto que tu vistes como flor.
E ao que achares no caminho, chame logo de irmão.

Nova Friburgo, 12 de Março de 2005. (7h34m)

CÉU DE ASFALTO

A noite era fria. Chuvosa.
Procurei por você –
nem precisava.
Estava do meu lado.

Queria achar o céu –
não podia.
A chuva caia
e o céu não estava disponível...

Ao volante do carro,
concentração redobrada,
Pára-brisas disparando célere,
ao ritmo de meu coração apaixonado.

Seu perfume impregna minhas narinas
no carro de vidros fechados
a proteger da chuva intensa.

Penso em você!

E na busca do céu de meus sonhos
contemplo o céu de asfalto.
Céu negro do asfalto novo molhado
e de pingos grossos de chuva salpicado...

O farol alto incide sobre a chuva
e acende a imaginação...

O céu de asfalto está repleto
de miríades de estrelas fugazes
de gotas de chuva formadas.

Olho para o lado:
Você está a sorrir!
Completo meu sonho...
Você é a lua que ilumina minhas noites
nas muitas viagens da vida!

Santa Maria Madalena, 24 de Março de 2005. (21h35m).

POÉTICA

Não sei viver sem poesia
e mesmo se soubesse; não viveria.
A ausência de poesia
é o desaprender da vida.
E a gente se emburrece,
quando vê que a poesia fenece.

E mesmo se quisesse driblar a palavra,
esquecer o ritmo, ignorar a métrica,
fazer pouco caso da rima
e até das letras perder o rumo...

Quando no jardim da semântica passando,
das flores tiver um ramo nas mãos;
e quando no Oceano dos sentimentos
na canoa o remo a guiar sobre os desvãos.

Então, saberei que a poesia em mim sobrevive
e que por ela tenho a chance
de contar os meus dias, lindos dias,
para além de mim mesmo,
na ânsia de alcançar coração sábio!

Itaboraí, 10 de Março de 2005. (19h20m).

O AMOR DE PATRÍCIA

A notícia se espalhou por toda a cidade:
_ “Você soube da morte da dentista?”
_ “Que morte cruel, que barbaridade!”
E todos falando, a notícia espalhando...
A comoção foi geral!

No dia seguinte - o povo ávido por novidades -,
se acotovela nas bancas de jornais
em busca do folhetim.

A edição se esgota rápido.
Há disputas e brigas por um exemplar.
Todos querem saber das últimas
e ter novidades para contar.
A manchete estampada no jornal
dá conta do que aconteceu:
“Crime bárbaro choca a cidade”.
“Dentista é assassinada com
requintes de crueldade e sadismo.”
E todos lêem boquiabertos
acerca daquele triste desfecho.
De toda a história e seu abismo
os jornais apresentam apenas trecho,
de um amor impossível:
_ Morreu,
porque ao amor de outro
não correspondeu...

Meu Deus!
Quanta ignorância desse pobre rapaz,
que andou na vida errante,
não sabendo que era capaz
de fazer do sofrimento
a negação do sentimento.
Ao amor não correspondido
o seu triste ser sofrido
respondeu com a morte!

Deus, ensina-nos de novo a amar!
Ensina-nos pelo teu filho,
que neste mundo, andarilho,
compartiu a aura do amor.
Ensina e mostra pra gente
que o amor não é egoísta,
não busca interesse próprio,
o amor é sim altruísta
e sustenta qualquer solilóquio.

O amor de Patrícia foi sepultado com ela.
De quem era ele, o amor que era dela,
já não o sabemos, nem mais saberemos.
O que era segredo de coração
virou também segredo de caixão.

Era jovem, um futuro pela frente,
seguindo a carreira como profissional.
Mas de repente, não mais que de repente,
sua vida se estanca pelas forças do mal.

Meu Deus, o amor de Patrícia morreu com ela
e com ela foi-se o sonho de futuro!
E a cidade chocada submerge ao perdê-la
num abismo cruel e muito escuro!

Mas se ela morreu, porque alguém a queria
e a esse amor insistente ela não correspondia
ao ponto do meliante o amor em crime mudar
e o ódio da rejeição sua vida transtornar.

Faz-nos lembrar neste instante
de seu Filho que ao mundo amou.
Que para toda a humanidade
amor incondicional devotou.
Pois quando éramos pecadores
tomados por nossas dores
na cruz ele padeceu.
Seu Filho amado, o Cristo,
por nós que nunca tinha visto
amargo fel ele sorveu.
Da via crucis, ao Calvário
preenchendo o imaginário
solitário caminhou.
As dores por nós sofreu,
da coroa os espinhos,
a zombaria e o escárnio,
da multidão os caminhos,
ele todos percorreu.
E quando ao Gólgota chegando,
no madeiro crucificado,
tendo o seu lado vazado,
e nas mãos o perfurar dos cravos;
o Senhor fez-se servo e escravo,
pois a todos estava amando.
Jesus Cristo padeceu
Jesus Cristo agonizou
e por todos nós morreu!

Meu Deus!
Diante do ódio do mundo,
da não-valorização da vida,
dos valores invertidos,
dos costumes pervertidos,
dessa falta de amar...

Mostra-me teu Cristo sereno,
pregoeiro do dom supremo,
o amor que é essência de ti.
E em nossa alma inquieta
a fé em Cristo em nós desperta
para vencer a caminhada aqui!

Nova Friburgo, 11 de março de 2005. (6h33m).

quarta-feira, julho 02, 2008

CANTO DA VIDA

De insuspeitado canto é a vida,
formoso como céu de entardecer...
Tons rosas de um céu que deu guarida
à noite que chegando co’as estrelas,
o amor em mim faz renascer
em forma de alegria e canções belas.

Enquanto assisto ao sol em seu poente,
no colo do horizonte a reclinar.
Por sobre a montanha verdejante
o pensamento põe-se a viajar...
Mas esse amor agora em mim nascente
propõe abandonar o ser errante.

Então, prossigo a vida escutando
o canto de amor a ecoar...
O pranto logo vou abandonando
não há razão pra vida não gozar.
O vento traz canções de uma Quimera
ao tempo propõe ele doce espera!

Rio de Janeiro, 10 de Março de 2005. (11h20m).

Deus Olhou Para Você

Num dia Deus olhou e logo te viu
Seus olhos viram lágrimas nos teus.
E o coração de Deus se enterneceu.
Num belo dia Deus olhou e te encontrou
Seus olhos viram nos teus uma lágrima.
E o coração de Deus se acendeu.
Perdida ovelha, dracma que se foi.

Ao teu encontro Deus mandou Jesus
No horizonte abriu novo caminho
Em tua vida acendeu uma Luz
E retirou das rosas o espinho.

Então Deus disse: Se queres paz!
Então Deus perguntou: Por que não trazes, teu coração?
Eu quero tanto te amar.
Eu quero encorajar-te e poderei ajudar-te.
Mas preciso, enfim, tocar tua mão!

Deus percebeu no teu olhar um brilho
Uma esperança, em meio a tua dor.
E Deus quis fazer de ti um filho.
Por adoção, em Cristo, prova de amor.

E Deus te disse: Se queres paz!
E Deus te disse: Então me traz teu coração.
Eu quero tanto te amar.
Eu quero encorajar-te e poderei ajudar-te.
Mas preciso, mesmo, tocar tua mão!

(Quantos não sabem que o Filho de Deus
É o filho do amor que ele ao mundo deu)

Não sabem que em Cristo o perdido se acha;
a ovelha volta ao rebanho.
Não sabem que em Cristo o aflito se acalma:
A lágrima seca e o sorriso volta ao rosto.
Pelo amor de seu Filho
(Amoroso Filho de Deus)

El Shaday (Todo-poderoso Deus)
El Elyon (Deus Altíssimo)
Adonai (Supremo Deus dos céus)
Emanuel (Deus conosco, amém!)

Nova Friburgo, 08 de março de 2005. (10h04m).

TAL É A VIDA

Como o tempo assovia canções tocando epidermes sensíveis,
como a pedra endurece relações criando barreiras visíveis,
tal é a vida impregnada de contornos, causando transtornos,
provocando retornos neste ir e vir sem saber ao certo onde ir...

O tempo é marcado não só pelo relógio, mas pelos eventos:
A vida é um fuxico só, enfeixado de muitos acontecimentos.
E a gente vai caminhando escutando as canções que o tempo
nos apresenta sem cerimônia ao sabor da regência do vento.

E enquanto as canções que o tempo, pelo vento, nos faz chegar
vão acostumando nossos ouvidos a estas novas canções de ninar.
Nosso ânimo se esboroa, fenece, e nem sequer revolta aparece.
Nossa vida enfraquece e já nem temos forças pra fazer uma prece.

Somos anestesiados pelo homem moderno que ama o vil metal,
de modo que desaprendemos a amar e optamos pela via do mal.
O Bem foi desarticulado e as relações humanas se fizeram áridas.
Há muito barulho de Rock’n Roll e quase não se ecoam as árias.

Por isso, corações empedernidos tomaram o lugar dos sensíveis
e as projeções do amar, ser feliz, ajudar, fizeram-se invisíveis.
E da pedra que fez os corações duros e duros os sentimentos
se construiu um Muro de Vergonha carregado de sofrimentos.

Tal é a vida de quem entrou neste sistema-mundo e já sem forças
não consegue lutar para criar sua identidade e sofre nestas forcas.
A barreira criada pelos muros de pedra dos corações sem amor
exige dedicação de alpinista do sentimento para expulsar sua dor.

Mas, ainda bem, que é possível reconhecer da vida o ciclo mítico
de nascer-viver-morrer-renascer e não se acostumar ao paralítico.
Pois, como o homem é a esperança que se vê no sorriso de criança;
assim a vida é o homem em sua andança fluindo da paz a bonança!

Nova Friburgo, 04 de Março de 2005. (6h40m).