sexta-feira, janeiro 26, 2018

FRIBURGUENSE

Eu devia ser friburguense; por uns meses não me tornei.

Nascer na serra, entre eucaliptos,
sentir o cheiro dos pinheiros, saborear uvas do Pará,
ser uma mistura de morangos silvestres e pitangas vermelhas.

(Nascer trepado na esperança como as jabuticabas do meu lugar...)

Eu devia ter nascido aqui
onde os caquis aguçam o prazer do sabor.

Eu devia ter nascido nestes vales
emoldurados por montanhas verdes
onde os sorrisos acompanham as gentes.

Volta e meia me pego a pensar
no Alto do Garrafão, em Macaé de Cima,
e as caminhadas mentais
refazem as caminhadas reais do passado...
Penso em Conquista, nos Ferreiras e
na minha Cascatinha onde índio fui um dia.
E em mim espumeja esta taça de alegria
em que gestos recordados
trazem à tona um turbilhão de emoções,
nas esmeraldas e rubis, dos tesouros do meu viver.

Segunda-feira.

Sol quente e eu no terraço empinando pipas.

Brincam cores no ar.

No artifício das cores do papel de seda
há um céu azul cobrindo a minha vida.

Brincam cores no ar, brincam pipas.

Semana inteira.

(Eu devia ser friburguense de nascimento,
mas em meio ao verde de minha serra, e de minha alma,
eu sou friburguense de coração...)

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
19/01/2018 (11h40min).

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