domingo, dezembro 28, 2014

A INSPIRAÇÃO

No momento em que consegui levantar
os olhos dos meus rabiscos no papel
deparei-me com a Musa em meu escritório.

Uma Musa nada empolgante,
algo comum, dentre as tantas que me poetizam.

Esta Musa me poliniza
como a flor ao campo e o passarinho.

O senhor nem pode conceber,
disse ela, o que penso de seu poetar.

Das trezentos e sessenta e cinco palavras de seu vocabulário
só uma cabe no meu calendário: o tempo.

Era a moça-musa do tempo
que aparecia à cada noite no telejornal.

Chovia torrencialmente em meu coração poeta
e eu olhava incrédulo para a sua figura.

Ela continuou: a Razão se submete ao Tempo
e daí nasce a Poesia que permanece.

Não pense que o mar azul
se encontra no horizonte com os céus.

A ilusão das cores e do encanto
é a aproximação da poesia e do olhar...

Até mesmo a simples nuvem viaja na imensidão do espaço
mas nem sempre em mar de rosas deságua poesia.

E eu ainda pensando na vida como mar de rosas
quando percebi em seus olhos azuis uma gaivota voando.

Não me perturbei: Voltei os olhos ao papel
e risquei alguns dos mais longos rabiscos.

Acrescentando meia dúzia de asteriscos
às aparições da palavra tempo. E a legenda final: Vento!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
26 de Dezembro de 2014 (05h54min).


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