domingo, fevereiro 25, 2018

FLUTUAÇÕES ANTIGAS

Menino boleiro que já se foi
e a bola rolando no terreiro
a dança dos corpos no jogo
um dia que se vai na serra....

Ficou a sombra da noite próxima,
o banho, o pito, o grito da mãe na janela.
O menino com a bola debaixo do braço
e o short rasgado e sujo em pés descalços.
Geme uma saudade de casa pobre de morro.
Geme uma desconfiança de que tais tempos não voltam mais...

Bola rolando no terreirão.
Dia seguinte à dança dos corpos
e o desenho do jogo no campo de terra batida;
cadernos largados em casa no chão de sua vida.
Menino boleiro que já não é mais;
novo dia nos sonhos do menino das montanhas.

O galo canta no morro na casa do Chico
a manhã se anuncia na voz do tenor de galinheiro.
O menino com a bola gasta debaixo do braço
desce o morro apressado e a vida
quer ganhar o futuro na dança do jogo
deixa pra trás o terreirão e sua gente
anda apressado em busca do sonho...

Hoje ele sabe o preço de corações tristes ao abandono
por um sonho que ainda não veio e nem sabe se virá...

Josué Ebenézer Rio das Ostras,
10/02/2018 (07h28min).

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