domingo, fevereiro 05, 2017

VERSOS URBANOS – III

A multidão esconde o indivíduo
e não duvido que a solidão
se esconde na multidão.
Pessoas caminham pelas calçadas
e o formigueiro humano
sinaliza o frenesi,
a barbárie urbana,
a coisificação da vida,
a explosão que pode acontecer
nos mundos interiores,
dessa polvorosa e cardíaca
angústia existencial.
Mentes onde habitam sonhos,
pensares sofridos,
desejos incontidos;
pés que caminham desesperanças;
mãos que já não agarram possibilidades,
deixam escapar a Água da Vida,
que se esvai entre dedos dormentes
sem jeito mais para a arte do viver.
Da praça principal da cidade
sobem, em nuvem, pombas brancas
e o meu coração columbófilo
enxerga nela o aceno de paz da natureza
aos perdidos humanos da city.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
15/01/2017 (20h11min).

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