domingo, fevereiro 05, 2017

VERSOS URBANOS – II

Mergulhado na cidade
sinto-me sufocado pelos edifícios
que tomam o espaço do céu
arranhando meu sentimento,
minhas origens do campo.
Estou totalmente em descompasso
com a pressa da cidade.
Sou presa fácil para os gatunos,
alvo laranja para os pivetes,
ímã para batedores de carteiras
e toda esta horda malévola
que habita as urbis.
Meu estereótipo é de um inadequado.
Olho para o alto e os edifícios que
apontam os céus e escondem o azul
entontecem-me e quase caio
na vertigem da urbanidade envolvente.
Abobalhado, caminho olhando
pra tudo e pra nada:
é a descoberta da metrópole,
a cidade grande e seus mistérios
arquitetônicos.
A confluência das ruas,
as esquinas abarrotadas,
os camelôs circenses,
o samba do crioulo doido
das pessoas se evitando
e suplantando-se
no ir e vir da cidade viva.
Há uma poesia subjacente
nesta louca existência urbana.
Parece que as gentes não vivem,
mas deixam-se conduzir
pela engrenagem citadina;
esta máquina de engolir vidas
e fazer perder a lubrificação
da existência que um raio de sol,
um simples raio de sol do meio-dia,
pode oferecer ao coração.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
15/01/2017 (06h03min).

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