A Cleir Gonçalves dos Santos
Uma voz. De onde vem?
O pequeno Samuel não sabe.
É diferente, soa grave, forte.
E o discurso que contém
É conteúdo que não cabe
Num coração em corte.
Sangra. A dor é grande.
A voz que fala conclama
Tímpanos não acostumados...
A emoção no imo expande
E no pequeno ser a chama
Arde. Conceitos abalados.
A voz o chama pelo nome
E ele a sente bem audível
Naquele leito revolvido.
O menino, de Deus tem fome.
Sonha o sonho que é possível
No peito arqueado, comovido.
A voz é repetitiva, faz eco.
Ouve-a chamar de novo
E Samuel pensa que é Eli.
Sente aperto com o repeteco
Mas sabe que para o renovo
Precisa dizer: “Eis-me aqui!”
E o homem de Deus orienta:
“Volta ao silêncio da comunhão
E quando ouvires a voz a falar
Diga: Fala Senhor!” Tenta!
É melhor não andar na contramão
Quando a voz de Deus chamar.
Então, se submete tranqüilo,
Esperando um Deus pessoal
Relacionar-se com a Criação.
Sem entender direito aquilo
Parte em busca de um ideal
Que acalenta em seu coração.
Friburgo, 20/03/2004 (21h30m).
quarta-feira, novembro 14, 2007
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