No
momento em que consegui levantar
os
olhos dos meus rabiscos no papel
deparei-me
com a Musa em meu escritório.
Uma
Musa nada empolgante,
algo
comum, dentre as tantas que me poetizam.
Esta
Musa me poliniza
como
a flor ao campo e o passarinho.
O
senhor nem pode conceber,
disse
ela, o que penso de seu poetar.
Das
trezentos e sessenta e cinco palavras de seu vocabulário
só
uma cabe no meu calendário: o tempo.
Era
a moça-musa do tempo
que
aparecia à cada noite no telejornal.
Chovia
torrencialmente em meu coração poeta
e
eu olhava incrédulo para a sua figura.
Ela
continuou: a Razão se submete ao Tempo
e
daí nasce a Poesia que permanece.
Não
pense que o mar azul
se
encontra no horizonte com os céus.
A
ilusão das cores e do encanto
é
a aproximação da poesia e do olhar...
Até
mesmo a simples nuvem viaja na imensidão do espaço
mas
nem sempre em mar de rosas deságua poesia.
E
eu ainda pensando na vida como mar de rosas
quando
percebi em seus olhos azuis uma gaivota voando.
Não
me perturbei: Voltei os olhos ao papel
e
risquei alguns dos mais longos rabiscos.
Acrescentando
meia dúzia de asteriscos
às
aparições da palavra tempo. E a legenda final: Vento!
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
26 de Dezembro de
2014 (05h54min).
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