domingo, dezembro 28, 2014

A FORMAÇÃO DA POESIA

Pressupõe-se que todos os poetas
sejam detentores dos mistérios dos céus,
das armadilhas do coração
e das inquietações do além túmulo.
Mas, não quero me ocupar do espírito do poeta
senão da matéria inorgânica
que dá origem e formação à poesia.
No âmago do poeta dá-se a formação da poesia
e o idioma apenas conduz as palavras
pelos caminhos da expressão.

Por que fazemos versos rimados
ou poesia livre
que desenham a beleza da moça na janela
e construímos metáforas com o sol
que ilumina as folhas verdes da bananeira impura?
E, por que os poetas do mundo precisam
de papel e palavras
para compor poderosos poemas
que irão contar suas histórias
e cantar suas emoções
em quintais nunca dantes visitados
que sorrirão sorrisos tímidos ou largos
como se deles se estivesse falando?

Impotente é o poeta ante o poema que o possui.
Poderoso é o poeta para o mundo que consagra sua canção.
O poeta é apenas canal da poesia
para um mundo sedento de expressão.
E, quando as torneiras-coração se abrem ao redor do Planeta,
jorra a poesia universal
de que é condutor o poeta
que fala a linguagem do Belo.

Imponente é a poesia que embeleza a vida.
O poeta utiliza-se das mesmas palavras
que constroem horrorosas sentenças judiciais.
Mas, as torna diferentes
ao emprestar-lhes os signos de um coração
que capta a alma humana.
E, como nas primitivas sociedades,
a poesia é o totem
que se ergue com palavras
para dizer que o ser humano e a vida
são mais que matéria.

Não são muitos que entendem isso
somente aqueles que têm coração de poeta –
a formação da poesia no interior da vida.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
14 de Dezembro de 2014 (05h25min).


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