quinta-feira, julho 10, 2008

O AMOR DE PATRÍCIA

A notícia se espalhou por toda a cidade:
_ “Você soube da morte da dentista?”
_ “Que morte cruel, que barbaridade!”
E todos falando, a notícia espalhando...
A comoção foi geral!

No dia seguinte - o povo ávido por novidades -,
se acotovela nas bancas de jornais
em busca do folhetim.

A edição se esgota rápido.
Há disputas e brigas por um exemplar.
Todos querem saber das últimas
e ter novidades para contar.
A manchete estampada no jornal
dá conta do que aconteceu:
“Crime bárbaro choca a cidade”.
“Dentista é assassinada com
requintes de crueldade e sadismo.”
E todos lêem boquiabertos
acerca daquele triste desfecho.
De toda a história e seu abismo
os jornais apresentam apenas trecho,
de um amor impossível:
_ Morreu,
porque ao amor de outro
não correspondeu...

Meu Deus!
Quanta ignorância desse pobre rapaz,
que andou na vida errante,
não sabendo que era capaz
de fazer do sofrimento
a negação do sentimento.
Ao amor não correspondido
o seu triste ser sofrido
respondeu com a morte!

Deus, ensina-nos de novo a amar!
Ensina-nos pelo teu filho,
que neste mundo, andarilho,
compartiu a aura do amor.
Ensina e mostra pra gente
que o amor não é egoísta,
não busca interesse próprio,
o amor é sim altruísta
e sustenta qualquer solilóquio.

O amor de Patrícia foi sepultado com ela.
De quem era ele, o amor que era dela,
já não o sabemos, nem mais saberemos.
O que era segredo de coração
virou também segredo de caixão.

Era jovem, um futuro pela frente,
seguindo a carreira como profissional.
Mas de repente, não mais que de repente,
sua vida se estanca pelas forças do mal.

Meu Deus, o amor de Patrícia morreu com ela
e com ela foi-se o sonho de futuro!
E a cidade chocada submerge ao perdê-la
num abismo cruel e muito escuro!

Mas se ela morreu, porque alguém a queria
e a esse amor insistente ela não correspondia
ao ponto do meliante o amor em crime mudar
e o ódio da rejeição sua vida transtornar.

Faz-nos lembrar neste instante
de seu Filho que ao mundo amou.
Que para toda a humanidade
amor incondicional devotou.
Pois quando éramos pecadores
tomados por nossas dores
na cruz ele padeceu.
Seu Filho amado, o Cristo,
por nós que nunca tinha visto
amargo fel ele sorveu.
Da via crucis, ao Calvário
preenchendo o imaginário
solitário caminhou.
As dores por nós sofreu,
da coroa os espinhos,
a zombaria e o escárnio,
da multidão os caminhos,
ele todos percorreu.
E quando ao Gólgota chegando,
no madeiro crucificado,
tendo o seu lado vazado,
e nas mãos o perfurar dos cravos;
o Senhor fez-se servo e escravo,
pois a todos estava amando.
Jesus Cristo padeceu
Jesus Cristo agonizou
e por todos nós morreu!

Meu Deus!
Diante do ódio do mundo,
da não-valorização da vida,
dos valores invertidos,
dos costumes pervertidos,
dessa falta de amar...

Mostra-me teu Cristo sereno,
pregoeiro do dom supremo,
o amor que é essência de ti.
E em nossa alma inquieta
a fé em Cristo em nós desperta
para vencer a caminhada aqui!

Nova Friburgo, 11 de março de 2005. (6h33m).

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