Sou
o primeiro a chegar ao Templo.
Só
há bancos vazios, mas ouço a voz do silêncio.
Percebo
uma certa música e a raridade da paz.
Um
homem descabelado chega.
Traz
inquietação e numa das mãos
um
rústico “display”* de amendoim.
Tento
rememorar harmonias
de
outros cultos passados ali,
mas
a figura insólita do vendedor de amendoim
me
desconcentra o culto interior.
O
homem joga os saquinhos de amendoim no altar
e
as brasas derrama no banco de madeira velha
sentando
espalhafatosamente em cima.
Queria
incendiar seu mundo interior
consagrando
os grãos da fertilidade.
Há
dois tipos de loucura religiosa:
a
dos pretensos ritos purificadores
e
a da simplicidade do Evangelho.
Cada
um escolhe ou é escolhido pela sua!
Se
teu coração estiver em paz
ouvirás
uma canção do Espírito
no
vazio do Templo.
Os
loucos são filhos de Deus, creio.
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
21 de Agosto de
2014 (05h51min).
* Lembro-me de ter
comprado muitas vezes, quando fui estudar no Rio de Janeiro, na década de 80,
amendoim torrado, que vinha embalado num saquinho de papel em forma de cone e
era mantido quente por meio de uma engenhoca feita de um galão de tinta
reciclado, dividido ao meio, onde, na parte de cima os saquinhos de amendoim
eram dispostos em pé e, na metade inferior, uma “gavetinha” introduzia carvão
em brasas para manter aquecido os saquinhos de papel com o amendoim torrado,
enquanto não chegava às mãos do consumidor final. Tentei encontrar um nome para
este invento na internet, mas não logrei êxito. Aceito sugestões para descrever
melhor o utensílio.
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