Os
primeiros raios de sol
acordam
a casa de alvenaria aparente
onde
vasos de plantas vários
– xaxins
de subúrbio carioca –
ilustram
o quintal tomado de quinquilharias.
E
é pleno inverno: o sol
é
apenas uma gentileza,
da
Natureza, que acorda “marias”.
As
telhas galvanizadas de um anexo,
para
onde acorre um homem apressado,
rebrilham
ainda tímidas
com
o sol festeiro que desponta no horizonte.
Move-se
junto um cachorro sonolento
na
soleira da porta de entrada
e,
do galinheiro, o galo responde ao sol
saindo
dali o homem com meia dúzia de ovos nas mãos.
A
chaleira apita um café preto iminente,
enquanto
lá fora alguns carros transitam
no
asfalto irregular, transportando
vidas
reguladas pelo sistema.
Passado
um tempo, o dia vê aquele homem sair,
após
beijo protocolar na esposa.
Aquela
“Maria” põe meia dúzia de crianças
a
caminhar uniformizadas
– e
com mochilas nas costas –
para
a fundamental escola do bairro
que
acolhe diariamente
os
petizes das redondezas.
Em
pouco tempo o subúrbio explode em alegria.
A
algazarra de carros, bicicletas e gente
transitando
alegremente no azáfama da vida
faz
fervilhar a emoção da existência
longe
de Copacabana.
Do
mercado voltando, com verduras nas mãos,
a
cozinha da casa se agita em polvorosa,
o
rádio se esgoela no programa matinal,
as
notícias invadem o cotidiano
e
a música não para de tocar.
Rola
a eterna pedra de Sísifo da casa,
das
tarefas enfadonhas,
para
manter um mínimo de organização,
alimentar
família,
fazer
as crianças acreditarem no amanhã...
Exceto
pelas nuvens que expulsam o sol
e
os pingos de chuva que teimam em cair.
Enquanto
isso, o gato no quarto apertado
derruba
o vidro de perfume barato
espalhando
o cheiro pela casa
ao
sabor da notícia urgente:
em
São Paulo um avião Cessna cai sobre casas
morrendo
todos os seus sete ocupantes.
Um
trovão sacode os campos do Brasil...
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
18 de Agosto de
2014 (06h08min).
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