quarta-feira, abril 22, 2015

FACETAS DE UMA MÁSCARA

Teus pés, passos silenciosos no escuro;
teu andar, pés que caminham desconfianças;
teu corpo, sombra que se esgueira como chuva rápida;
teus gestos, meticulosamente estudados para não se destacarem;
teus braços, alavancas que se movem com presteza;
tua respiração, vento que sopra suave sem balançar folhas;
e assim prossegues na vida,
transitando o cotidiano, sem dele fazeres parte;
és um sonâmbulo ser que caminha silente por entre gentes
poucos te encontram com outros;
tuas poucas palavras não chegam a construir um diálogo;
és um ser que não se apresenta
não és o que aparenta. És máscara!

Então, procuro no teu rosto os sinais do quem.

Teus olhos, bolas de game que se movimentam velozes;
teus lábios, finas articulações que pouco se mexem
e, quando o fazem, inexpressivamente;
teu nariz, estrutura pontiaguda acusatória;
tuas maças do rosto,
ícone despudorado da insignificância da palidez;
teus cabelos, corte rasteiro sem glamour;
teu sorriso, filete insensível de apatia sem dentes;
tua presença, sombra que se arrasta por entre gentes
em busca da invisibilidade.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

05 de Março de 2015 (05h45min).

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