segunda-feira, dezembro 15, 2008

O NATAL DA MENINA POBRE

Ela não tinha sorriso, seu jeito era sem graça.
O vestido roto e velho não emprestava beleza.
Mas estava todo dia, perambulando na praça
Tentando driblar o destino, afastar toda a tristeza.

A família era simples, morava em simples casebre.
O seu pai desempregado, inconformado em ser pobre.
E pra somar a desgraça, sua mãe ardia em febre
Enquanto ela na praça se esforçava em ser nobre.

Mas era difícil a sina, dessa tão simples menina:
Vencer todo o preconceito e amealhar uns trocados;
Extrair da vida canções em alma que desafina.

Mas o Natal da menina, não teria bons-bocados,
Enfeites, bolas, presentes, nem sequer pequena luz.
Não fosse o grande achado: Ter encontrado JESUS!

Campos dos Goytacazes, 07 de Dezembro de 2007. (11h21min).

É NATAL!

Vi a cidade mais colorida
E o sonho invadir o real.
Vi a cidade iluminada
Pensei comigo: “É Natal!”

Vi sorrisos enfeitar pessoas
E presentes de mão em mão.
Gentes se tornando boas
Porque é Natal no coração.

“É Natal” eu bem sei disso
Não pelos enfeites que vi;
Sabe quem tem bom siso.

No sorriso da criança entrevi
A paz do menino de Belém
E os anjos dizendo “amém!”

Nova Friburgo, 16 de Dezembro de 2007. (19h).

RECEITA PARA NÃO SE TER UMA FESTA FRUSTRANTE

Promova um evento
(pode ser casamento).
Junte os convidados
pode ser aos punhados.
Contrate os garçons,
pague o buffet,
(cuidado com a escolha)
pra não se arrepender!
Não faça na encolha
tem que acontecer.
Frite os salgados na hora
(frio ninguém merece).
Quando não puder ser
pelo menos vê se aquece.
Refrigerante? Nunca é demais!
Vê antes se está com gás.
A noiva e até o anfitrião
não podem chegar atrasados:
deixam os amigos na mão,
desrespeitam os convidados.
A decoração deve ser simples,
mas não pode faltar.
Festa sem brilho e luzes
é como casamento sem noiva
e o noivo bobo no altar!
O serviço deve ser ágil,
os convidados querem comer.
Se a cozinha não anda
é porque algo não funciona
ou é tudo embromação.
Não pode o ambiente,
aquele que os convivas estão,
custar mais que a festa em si.
Não precisa ter muita coisa:
a festa com singeleza
num serviço bem urdido
é garantia de satisfação.
Guarde pro fim uma surpresa
e todos da festa falarão.
Não com ares de zombaria,
de deboche ou rejeição.
Mas com elogios ao bom gosto
de quem fez a produção.

Nova Friburgo, 24 de Novembro de 2007. (22h30min).

EU TAMBÉM TENHO UM SONHO

A Martin Luther King

Eu tenho um sonho
Que é maior que todos os outros;
Todos os que já acumulei nesta vida.
É um sonho profundo,
Um sonho denso,
E quando nele penso
Vislumbro o mundo.
Vejo todas as gentes, todos os povos,
Unidos numa só bandeira.
Todas as nações integradas,
As gentes irmanadas
Neste sonho.
Enxergo nos desvãos da história
Uma nova trajetória
Para a paz.

Eu tenho um sonho
Que engloba e absorve
Todos os sonhos de minha vida.
É um sonho humanitário,
Um sonho espiritual:
Gostaria que Deus fosse prioritário
Na vida de todas as gentes
E os valores espirituais
Governassem o mundo.
É um sonho de esperança
E com toda a confiança
Nele descanso.

Eu tenho um sonho
Que pode transformar o planeta.
Ele viaja em meu pensamento
Como um luzente cometa
A iluminar os meus dias e noites.
A sociedade seria diferente,
As transações mais honestas,
Os relacionamentos mais perfeitos,
Se todos como Martin Luther King
Não vissem o mundo como um ringue
Onde tivéssemos que brigar.
Mas enxergassem a vida como escola
De onde a sabedoria de nós decola
E nos ensina a arte de amar...

Nova Friburgo, 22 de Novembro de 2007. (12h50min).

HEI DE CHORAR

Hei de chorar dorido pela minha flor
Que presto vem e logo vai, no alvor da vida.
Acenando-me com perfumes de amor
Não sabe o que lhe reserva a triste lida.
Bela e frágil desabrocha em meu solo
Traz por dentro a maldição de insana febre.
Aconchego-a bem sereno no meu colo,
Mas sua vida está em fuga como lebre.

Ah, amor, se eu pudesse aprisionar
Ao menos um pouco desse seu perfume.
Antes que o sol incremente, a despetalar
Reduzisse minha existência ao queixume.
Prosseguiria algo feliz, alguma bonança
E os meus dias, tristes dias sem te ter -
Trazendo de ti, cor e forma, na lembrança -
Amenos seriam: calmos, até o adormecer.

Nova Friburgo, 21 de Novembro de 2007 (15h30min).

SINTO SUA FALTA

Sinto sua falta.
Você não mais me quer.
Queixo-me aos pássaros.
Mas eles nada dizem.
Os pássaros apenas cantam
(E eu gosto de você, mulher!)
Eles apenas espantam
Esta angústia do meu peito
Pela falta que tenho de você
E dadas às circunstâncias
Concluo que não é pouco.

Sinto sua falta!
E que falta você me faz.
Vou reclamar com as estrelas
Mas como?
Se elas apenas brilham?
Mas já é alguma coisa
Para um coração tão sombrio.
Já é alguma coisa
Para alguém tão tristonho,
Que não se acostumou a ser tão somente
Sombra do sol do meio dia.

Nova Friburgo, 19 de Novembro de 2007 (12h15min).

CORDILHEIRA DO AMOR

A visão dos altos e baixos da serra à minha frente
Propõe-me na alternância de suas montanhas
A imagem do amor que toma conta da mente
E motiva a visão e revolve as entranhas...

O amor é sentimento que com suas ondulações
Quando no alto, se precipita, se não houver cuidado.
Mas, se palpita ardente em dois puros corações,
Quando no baixo, se eleva, até o céu estrelado.

E nessa cordilheira, que se estende pela vida
Eu prossigo, arborizado, respirando seus ares.
E seguindo alegremente, rompendo as dores da lida
Desfruto do amor sabores, das montanhas os pomares.

Sabendo que se embaixo, mais a frente se elevando
Tenho certa a esperança de dias que não são iguais.
Porém, se estou no alto, é sinal que estou amando
E que o sonho não acabou, não acabou jamais!

Monnerat, 19 de Novembro de 2007 (18h33min).

CAOS ESCATOLÓGICO

No dorso nu da montanha
Não há gado pastando
Nem árvores sobressaindo
Ou aves nos céus voando.
No dorso nu da montanha
Há relva, gramínea seca;
Há um homem com marreta
E casebre se erigindo.

Nestas encostas da serra
Os meus olhos enxergam
As mãos de um Deus Criador
Que o mundo fez com perfeição.
Mas nestas mesmas encostas
Que têm belezas que cegam
Eu vejo com muita dor
Crateras da destruição.

É que no cimo da montanha
Chegaram homem e máquina
E com maldade tamanha
Provocaram desastre ecológico.
E lá do alto, bem acima do monte,
O Criador triste observa o desmonte
Que os homens fazem da Natureza
Enquanto se esvai toda a beleza...

Nova Friburgo, 19 de Novembro de 2007. (19h14min).

UM NOVO TEMPO

Meu coração está em angústia,
sente a dor de um tempo vazio.
Percebe o fracasso da humanidade,
o caos da ciência e da tecnologia...
E ao caminhar pela cidade
deparo-me com faces em demasia,
rostos mesmerizados pelo frenesi,
disfarçando da vida a sua ânsia.
Mas enquanto o perdido não cai em si,
de Cristo não tem sua abundância.

Meu coração vive a expectativa
das mudanças que se precisa ver
operando silente no imo das pessoas
para expulsar da ilusão estas loas
que impedem o progresso da civilização.
Mas esta humanidade de tez material
não aprendeu a viver cada dia seu mal
como algo que vem afrontar o coração.
E se curvou ao deus sabedoria
esquecida que Deus pedirá contas um dia...

Meu coração anseia por um novo tempo
em que o Espírito soprará seu vento,
e soprará nova vida sobre aquele que quiser
pra preencher os dias e espargir nova canção.
E a santidade vai chegar à vida de cada um
na construção de novos dias, um novo mundo
em que o relacionamento será profundo
e se perceberá a unidade desta família
onde todos com a bênção da cruz de Cristo
nos chamaremos apenas de irmão...

Nova Friburgo, 26 de Setembro de 2007. (20h30min).

quarta-feira, dezembro 10, 2008

CONVITE À ADORAÇÃO

Solta esta voz, servo de Deus
libera o teu canto!
Por que te restringes em teu cantar:
não conheces Deus?

Não percebes que foste criado
para o louvor,
para adoração,
e que tudo seja em espírito e em verdade?

Solta esta voz, servo de Deus, libera!

Não percebes que o sentido da vida
a razão da existência,
e a permanência da esperança
que traz ao coração bonança
está no canto de fé de teu coração liberto?

Não compreendes que como tu -
os servos que Deus conquistou -
custaram o preço mais caro já pago por alguém?

Solta esta voz que se aprisiona na garganta!

Por que se omitir na proclamação
se teu canto é forma de anunciação
do que Deus tem feito em tua vida?

Não vês que Deus não se utiliza de outra voz que não a tua?
Não vês que ele te deu divina incumbência
(E por que tanta resistência?)
Se o teu cantar fará de tua adoração
testemunha viva do poder de Deus?

O mundo moderno quer fazer tua voz calar!
Há tantos que - já libertos - o pecado foram visitar:
e seus rostos perderam a expressão;
e seus olhos, o brilho;
e suas vozes, o canto;
esquecidos de que o Cristo de Deus é sua forma de amar...

Eles já não têm sentido para a vida,
ainda são como gado que caminha ao matadouro,
perdendo as pastagens,
perdendo as miragens dos sonhos.
Da vida desistindo por meio do sacrifício da fé!

Mas tu tens um sentido.
Deus em Cristo já te tirou da perdição
E agora caminhas com nova esperança
Trazendo paz e segurança
Em teu novo coração.

Por isso, servo de Deus, solta esta voz!
Entoa o canto da vitória,
cante os hinos da gratidão,
faça na terra os ensaios para a Glória,
pois tua vida terrena agora,
repleta de louvor e adoração...
É prenúncio dos tempos benditos,
quando nos céus todos os remidos
hão de sempre junto de Deus estar,
louvando e bendizendo Seu nome
já não mais passando qualquer fome
pois Deus nos será o próprio alimento.

Solta esta voz, servo de Deus, libera!
E diga para quem quiser ouvir:
- Na minha vida o louvor a Deus impera!

Nova Friburgo, 23 de Setembro de 2007. (6h28min).

TENHA VIDA EM JESUS

O homem que anda afastado de Deus
Sem ter comunhão por causa do pecado.
É alguém sem paz consigo e com os seus
Solitário no mundo e da paz isolado.

Para este indivíduo, a única solução
Que reconstrói vida e propõe esperança
É crer em Cristo de todo o coração
Pra alcançar perdão e desfrutar bonança.

Por isto, amigo, que ainda não se decidiu
A abandonar o passado e ter paz no futuro;
Cujos olhos não viram e nem sequer ouviu

Que pra chegar-se à luz e sair logo do escuro.
É preciso arrepender-se e buscar quem conduz
Faça a opção agora: “Tenha vida em Jesus!”

Nova Friburgo (Campo do Coelho), 23 de Agosto de 2007. (20h40min).

UMA CANÇÃO DE AMOR

Quando todos os homens depositarem suas armas,
como brotos no solo da pacificação
e não mais existirem espíritos sobressaltados;

quando ninguém mais armazenar rancores,
e o coração da humanidade for o solo dos amores
que como jardim bem cuidado aguarda a floração;
e tudo que receber a intervenção humana
for abençoado por esta busca de felicidade,
que promove singeleza no povo do campo
e enche de paz as gentes da cidade;

quando todos os seres forem alvo de atenção
e não houver privilégio para nenhum animal,
mas todos com justiça, tratados por igual;
e pássaros silvestres não forem engaiolados
nem mesmo os leões no aperto enjaulados
para - pura idiotice - só divertir os humanos;

quando as crianças puderem retornar as praças
e a vida de todos nós voltar a ter sua graça
com velhos passeando entre pessegueiros no pomar;
e todos os poluentes forem expulsos das fábricas
e não existirem no mundo mais matanças calábricas,
pois todos já respiram serenos o mesmo ar;

quando a mesmice abandonar o nosso cotidiano
e se perceber na velhice o descerrar do pano
da vida que pode amar, do nascer ao ocaso;
e amar for imperativo entre todas as nações
e a cidadania for ensinada dentre todas as noções
como a que não se prescinde, nem é obra do acaso;

- então, sim, entoarei, prazeroso, naquele instante
a canção de amor que me faz regozijante!

Nova Friburgo, 16 de Agosto de 2007. (15h26min).

ESTE É O TEMPO

Não é tempo mais de levar pombinha pra Deus
Não é tempo mais de sacrificar cordeirinho pra Deus
Não é tempo mais de oferta de cereais,
Hortelã, cominho ou algo mais
Se faltar seu coração.
Se faltar o sacrifício do seu eu
Num coração que prometeu
Amar a Deus sobre todas as coisas
Amar ao próximo como a si mesmo
E carregar a cruz.


De que adianta dizer que é seguidor de Jesus?

Se não faz do dia-a-dia uma oportunidade de mostrar
Que existe um Deus que está em todo lugar
E ama a todos incondicionalmente!

Se não estende a mão ao necessitado,
Se não seca as lágrimas do que chora,
Se seu ombro não é amigo dos que sofrem
E virando as costas tu vais embora?

Não é tempo mais de levar pombinha pra Deus
Não é tempo mais de sacrificar cordeirinho pra Deus
Não é tempo mais de oferta de cereais,
Hortelã, cominho ou algo mais
Se faltar seu coração.
Se faltar o sacrifício do seu eu
Num coração que prometeu
Amar a Deus sobre todas as coisas
Amar ao próximo como a si mesmo
E carregar a cruz.


De que adianta ir a Igreja todo domingo?

Se a Bíblia é mero adereço de mãos
E os ensinamentos do culto para Deus
Não se transformam em lição para a vida!

Se não tens palavras de consolação,
Se não esparges harmonia e pleno amor,
Se sua presença não devolve o sorriso
Ao rosto dos que no mundo sofrem dor?

Não é tempo mais de levar pombinha pra Deus
Não é tempo mais de sacrificar cordeirinho pra Deus
Não é tempo mais de oferta de cereais,
Hortelã, cominho ou algo mais
Se faltar seu coração.
Se faltar o sacrifício do seu eu
Num coração que prometeu
Amar a Deus sobre todas as coisas
Amar ao próximo como a si mesmo
E carregar a cruz.


Nova Friburgo, 02 de Agosto de 2007 (13h07min).

A ALEGRIA DE SER PAI

Do nada fez-se o riso, fez-se o espanto:
um filho é mais que tudo é outro tanto.
É emoção sentida, perdido olhar;
alguém a mais que Deus me deu pra’mar.

Um filho é o próprio ser em andamento;
é vida que se esvai com prosseguimento.
A chance da Natureza para a continuidade
de algo que por tão pouco é brevidade.

A alegria de ser pai brota espontânea
em rosto prenhe de luz tão momentânea
tornando o novel pai, de um prosador
em doce poeta, encabulado sonhador.

Do riso fez-se a lágrima de alegria,
no rosto do pai que fez do filho poesia!

Nova Friburgo, 02 de Agosto de 2007 (13h07min).

SOBRE O SILÊNCIO

Quando tudo acabar
restará somente o silêncio.
Quando nada mais existir
(e o caos voltar a reinar)
o silêncio voltará
a ocupar um lugar
junto com o vazio...

Se o silêncio ainda não chegou
- não tiver sido entronizado –
é porque o fim ainda não aconteceu!

Com o fim dos homens
cessam os barulhos
provocados pelos humanos.
O Espírito não provoca barulho;
o Espírito é silencioso!
(Elias aprendeu isto na
experiência da brisa
silenciosa da caverna...)

Mas ainda há o barulho da Natureza:
os sons das águas das cachoeiras;
das ondas revoltosas do mar;
dos ventos nas copas das árvores;
dos animais em movimento...
(Embora estes sons da Natureza
sejam como canções de Deus!)

Mas para que haja o silêncio pleno
tudo precisará cessar.
O silêncio só será entronizado
quando nada mais existir!

Aí, então, virá o fim!

E o fim,
como o começo,
É DEUS!

Nova Friburgo, 22 de Julho de 2007 (6h35min).

PRA SER UM CONTIGO

Se é pra ser um contigo
Se é para somar...
Vou sempre te querer
Vou sempre te amar!

Se é pra ser um contigo
Para ser uma só carne.
Vou abrir mão do meu ego
Até que o “eu” se desarme...

Se é pra ser um contigo
E tudo pra ser feliz.
Mesmo que não consiga
Viver o que sempre quis...

Vou construir nossa história
História de vida a dois.
E fazer a trajetória
Do antes e do depois.

Pois se é pra ser um contigo
Amalgamado em teu ser
Sei que serás uma comigo
E feliz nosso viver.

Nova Friburgo, 20 de Junho de 2007 (16h05min).

DOR PRA SER SENTIDA

Manda o senso comum fugir da dor.
Do populacho a elite ninguém a quer sentir...
É como visita indesejada e sem sabor:
Mal chega e já queremos vê-la partir!

Mas, que inimiga a dor, tão mal vista;
Tão desprezada esta cruel infame.
Surge repentina, sem dar qualquer pista,
Sem rodeios ou flerte como alguém que ame!

A dor, porém, existe para ser sentida.
Quase sempre eliminá-la é sofrer a mais;
É acrescentar ainda angústia nesta vida.

Quem não quer a dor não quer crescer jamais,
Pois cada dor sentida é forte aprendizado
De que a paz se encontra logo ali do outro lado.

Nova Friburgo, 20 de Junho de 2007 (19h50min).

TENTATIVA DE POEMA

O meu poema não é feito de muita matéria.
Apenas alguns papéis e umas tantas palavras.
Peguei também uns retratos e depois guardei:
Depois que aquela gente esquecida nas imagens
me fez lembrar o tempo de ontem que não volta...
Com pouca matéria fiz o meu poema.

Fiz o meu poema com a recordação
da vovó Rute e do vovô que já partiu.
Meu poema tem mais recordações que matéria.
Ele é feito de sentimentos e lá está também mamãe
com seus cabelos brancos e finos.
E deu vontade de chorar essa saudade ainda não inaugurada.
Tem pouca matéria o meu poema e muita recordação.

Construí meu poema com sentimentos
e tudo isso fez-me rever valores esquecidos.
Se na vida não há amor e virtudes várias
podem as sopraninos cantar suas árias
que o coração da gente continua duro
e a face seca de lágrimas que não vieram.
Meu poema tem pouca matéria e muito sentimento.

Conclui o meu poema no papel, mas senti-o inacabado:
a vida toda é um poema quando se é abençoado
pelo sopro do Amor que no peito bate forte.
Continuarei a rever retratos e a sentir saudades;
deixarei em mim o Bem expulsar maldades;
e a conclusão do Poema para após a morte.

Nova Friburgo, 10 de Junho de 2007 (10h15min).

TRIBUTO A MACAÉ

Dedicada a Primeira Igreja Batista de Macaé
na passagem de seus 109 anos de organização eclesiástica.


Hoje não quero falar de flores, não quero!
Nem mesmo de pássaros voando no céu.
Desejo falar de sementes no solo e espero
O brotar de canção que desvende seu véu.

Macaé é cidade heróica de tempo antanho
Nome que a história sagrou como afetivo:
O fruto doce da Macabaíba sem tamanho
Ou o termo “Mag-hé” do curumim primitivo.

Há um fruto mais precioso que o da macaba,
Centenárias palmeiras imperiais viram nascer:
Vem de Cristo o alimento que não se acaba.

Oh, batistas macaenses em todo o seu viver,
E no aniversário da Primeira Igreja Batista,
Celebrai de perto a Cristo, vossa conquista!

Macaé, 13 de Maio de 2007 (8h).

QUANDO O VERÃO FOR EMBORA...

Quando o verão for embora e já não fizer calor;
o sol não for mais inclemente e nem abrasador.
Quando o bate-papo do portão se escassear
e todos se recolherem à casa pra descansar...

Quando a alegre algazarra, da criançada em farra,
já não mais se fizer presente aqui na vida da gente.
E os namoricos de portão, tão presentes na estação,
derem lugar a ruas sóbrias sem as artes do coração.

Quando as luzes dos postes se apagarem todas,
e o breu tomar o céu como em densas negras bodas.
Quando nos cantos de muros por casais abençoados
já não mais se entrevirem uns corações enamorados.

Quando o verão for embora e ralentar o amor;
as folhas salpicarem o chão de um tapete voador.
Quando faltar a alegria pra subir junto com o vento
e a mente se embotar tão triste pelo tormento.

E não existir esperança nem crianças pela rua;
o sonho se acabar e secar o orvalho da manhã.
Quando faltar brilho d’olhos que no alto vêem a lua
e não mais repousar a retina no foco do amanhã.

Então, quando o verão acabar e com ele vier dor,
o jovem que sonha com a vida terá que responder,
antes que se acabe a brisa do último ventilador:
- Que farei com este frio, que será do meu viver?

Nova Friburgo, 30 de Abril de 2007 (9h58min).

NÃO HÁ SORTE NESTE NEGÓCIO DE VIVER

As horas se perderam na madrugada.
Não há relógios.
Só seres maltrapilhos
que se misturam às ratazanas.

Em algum lugar do Rio de Janeiro
a lua brilha.
E os vultos se movimentam.
E o odor explode nauseabundo.

Em algum lugar do Rio de Janeiro
o vento sopra.
E as ratazanas disputam restos de comida
com estes bípedes humanos.

Então, um menino,
demasiadamente magro para ser gente.
tão fraco, tão débil para trabalhar,
carrega sacos de lixo –
a reciclagem da esperança de futuro
levada às últimas conseqüências –
em algum lugar do Rio de Janeiro.

Todos se preparam alvoroçadamente para o espetáculo da vida...

Nova Friburgo, 18 de Abril de 2007 (21h35min).

sexta-feira, dezembro 05, 2008

SE FOR PARA LEMBRAR...

Sei que dia desses, quando partir
Alguns amigos meus e das poesias
Irão chorar e vão também sentir
E não vejo nisto demagogias...
Nem tanto a ausência da pessoa
Mas o estancar daquelas palavras
Que algum coração emocionou
E houve quem quisesse eternizar
Em jóia rara de ourives...

Mas, de que adiantará naquela ausência
A homenagem solene, porém, póstuma?

Se tiver que me alegrar
É pra fazê-lo aqui!
Pra sorrir ou pra chorar
Foi por isso que vivi.

Se tiver que me emocionar
É pra fazê-lo agora!
Depois, é só fazer lembrar:
Já terei ido embora...

Nova Friburgo, 17 de Abril de 2007 (16h).

RETINIGRAFIA XIX

O sinal amarelou rápido
enquanto os carros tentavam parar.
A pista molhada
comprometeu os freios.
E a vida prossegue porque
naquele dia todos estavam atentos.

Nova Friburgo, 21 de Março de 2007 (20h50min).

RETINIGRAFIA XVIII

O carro perdeu o freio
na descida íngreme do morro.
As crianças fazem à algazarra
do medo que as acomete.
Enquanto isso o marido desvira
o veículo tombado
para retirar a esposa que chora.

Nova Friburgo, 21 de Março de 2007 (20h44min).

RETINIGRAFIA XVII

O rio desce sereno
pelo leito quase seco.
Não há corredeiras:
apenas desaguadouros
das veredas.
A vertigem toma conta
de quem mira o lento rio
sobre a ponte branca.

Nova Friburgo, 21 de Março de 2007 (20h39min).

RETINIGRAFIA XVI

Os faróis projetam luminosidade
no horizonte do destino.
O carro transita seguro
pela estrada deserta.
Um gambá atravessou fora da faixa
e ficou estendido como tapete no asfalto.

Nova Friburgo, 21 de Março de 2007 (20h35min).

RETINIGRAFIA XV

O motorista sobe
na boléia do caminhão
e zarpa estrada afora.
Há uma noite longa
de asfalto pela frente.
Mas quando raiar o dia
anseia pelo descanso sereno
do dever cumprido.

Nova Friburgo, 21 de Março de 2007 (20h30min).

RETINIGRAFIA XIV

A chuva cai mansamente
no breu da noite que vem.
A cidade mergulha no silêncio
da pausa do ronco dos motores.
Alguns pedestres caminham esperanças
sob marquises mal iluminadas.

Nova Friburgo, 21 de Março de 2007 (20h25min).

RETINIGRAFIA XIII

Um sonido incerto se faz
ouvir na madrugada.
Não é o apito da fábrica
nem a sirene dos bombeiros.
Um alegre torcedor comemora
solitário a vitória de seu time.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (20h42min).

quinta-feira, dezembro 04, 2008

RETINIGRAFIA XII

A algazarra estudantil
sacoleja o ponto de ônibus.
Os coletivos se sucedem
na fila que se forma retilínea.
Mas nem a buzina insistente
desperta a garotada: vão esperar
o próximo porque é tão bom
estar próximo da namorada!

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (20h33min).

RETINIGRAFIA XI

Fim de aula e o ponto de ônibus
superlotado de estudantes
fervilha alegria.
O burburinho dos namoricos
assemelha a pardalhada se
acomodando para a noite nas árvores.
Parece exagero, mas pelo que observo,
já há alguns pensando em acasalamento.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (20h25min).

RETINIGRAFIA X

A criançada toma conta da praça
no calor do verão.
E a bola rolando solta
faz a alegria da molecada.
Mas a senhora gordinha
solta um palavrão
quando a bola perdida
lhe atinge a cara...

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (20h18min).

RETINIGRAFIA IX

A moça encolhida no banco
prende a bolsa contra o peito.
A face assustada passeia
olhares para os lados.
O namorado mais uma vez furou
e ela somente pisca para o estranho.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (20h12min).

RETINIGRAFIA VIII

O breu esconde certezas;
mascara realidades.
O medo sai de casa
e passeia pelas ruas
de mãos dadas com a ansiedade.
Tropeço na tampa mal fechada
do bueiro álacre
e espatifo desesperos no chão.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (20h05min).

RETINIGRAFIA VII

O boteco abre as portas
ao cair da noite.
As cadeiras e mesas
da cervejaria vão sendo
espalhadas pela calçada.
Os pedestres são
empurrados para a rua
e uma criança morre atropelada.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (19h58min).

RETINIGRAFIA VI

A luz do poste acende
repentinamente
na escuridão.
Embaixo o bêbado
se equilibra sonolento
em pernas frágeis.
Um cachorro magro
passa latindo tristonho.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (19h53min).

RETINIGRAFIA V

O fim de noite acompanha
a volta dos operários
às suas casas.
A fome abastece
a mente já inquieta.
E a barriga vazia
ronca presságios
de uma noite insone.

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (19h45min).

RETINIGRAFIA IV

No ônibus os sonolentos
descansam a dor
da alma que ainda espera
um vago sorrir.
Mas os sulcos da existência
deixaram marcas
nas faces frustradas.
E o sorriso desdentado
é o que restou no rosto do velho...

Nova Friburgo, 16 de Março de 2007 (19h35min).