sábado, dezembro 22, 2007

VOTA BRASIL

Vota Brasil
Vai escolher seu candidato
O governo fez aparato
Para o povo se expressar.
Vota logo, minha gente!
Escolha com cuidado
Tem muito desmiolado
Se passando por decente.

Vota Brasil
As urnas estão esperando
A democracia clamando
Por sua livre expressão.
Voto é arma de duplo cano
Premia os políticos ordeiros
Aos maus põe no abandono
Vamos acertar os ponteiros!

Vota Brasil
Vota com a consciência
De quem espera um futuro
Feito com ordem e decência.
É preciso refletir
Desta festa participar
E depois na urna ir
Sabendo em quem votar.

Vota meu povo
Vota meu Brasil
Construir um mundo novo
Que não seja mais hostil.
É desejo bem presente
Na vida de cada um
Sonho grande dessa gente
“Um por todos, todos por um!”

Nova Friburgo, 24/10/2004(6h47m).

Razão

Eu gargalho porque o riso brota
E o momento pede esta vazão.
Se sou feliz, não importa:
Está alegre o coração!

Momento espontâneo e forte
Pede um gozo em movimento
Na vida pregando um trote
Este é meu sentimento!

Não sei se pulo ou se grito
Se abraço ou me estilhaço.
Sei que se alguém sopra apito
Me transformo num palhaço.

É que da vida os fulgores
Das sabenças, qualquer razão,
Os meus risos e seus pendores
Fazem de mim bonachão.

Nova Friburgo, 23/10/2004(9h31m).

No meio do sermão

No meio do sermão tinha um apelo
tinha um apelo no meio do sermão
a Palavra de Deus sendo pregada
e o povo abeberando-se da fonte.
Mas no meio do sermão tinha um apelo
no meio, logo após a ilustração.
E o povo boquiaberto e atento,
Escutando as palavras do sermão.

No meio do sermão tinha um apelo
tinha um apelo no meio do sermão
um apelo prévio, suave, antecipado
do qual dependeria o da conclusão.
Mas no meio do sermão e seu apelo
Tinha carro buzinando alto na rua
E tinha criança andando no templo
E tinha adulto olhando para a lua.

No meio do sermão tinha um apelo
tinha um apelo no meio do sermão
o pastor falando doces palavras
e o apelo morrendo com as travas.
Se no meio do sermão e seu apelo
cada crente absorto e com desvelo
escutasse as palavras do Senhor...
No meio do Templo só haveria louvor!

Nova Friburgo, 23/10/2004(8h52m).

Canoa Feita

Eu existo, estou aqui
E uma coisa aprendi:
A vida que é tão boa
Já ensinou para mim
Quantos paus preciso
Pra fazer uma canoa.

Já sendo canoa feita
As ripas em seu lugar
Juntadas na minha vida
Puseram-me a navegar.
Vou singrando mares
A respirar novos ares.

Encaixes foram feitos
Tábuas em profusão
Arremates ajustados
Sofreres, desilusão.
Na vida a canoa vai,
Mas tenho o remo na mão.

Apertos por que passei
Ajustes tão necessários.
Canoa ao sabor do vento
Mergulhos no imaginário.
Reflito neste momento
As vagas que atravessei!

Nova Friburgo, 23/10/2004(10h12m).

As Orquídeas de Friburgo

As meninas que tiveram sonhos abortados por inescrupulosos seqüestradores da inocência.

Pensem nas meninas
Sonhos abortados
Pensem nos meninos
Risos destroçados
Pensem no futuro
Pichações no muro
Rabiscos sem sentido
Em corações feridos.

Pensem na cidade
Prantos ao redor
Pensem no trabalho
Agridem ao menor
E que dizer dos dias
E que falar das noites
Entenebrecidos dias
Noites de fanfarrias.

Mas não se esqueçam
Das orquídeas exóticas
Orquídeas cobiçadas
Que florescem na serra
A serra de minha terra
Friburgo de meu amor
Orquídeas de cápsulas
Lindas, prenhes de flor!

Lembrem-se das meninas
Orquídeas de nossa terra
De belas sementes cheias,
E corações em guerra
Lembrem-se de seus sonhos
O desabrochar das flores
Que a cidade não esqueça
Do amanhã seus terrores.

E que o futuro rompido
Das orquidáceas meninas
Acabe com a hipocrisia
Das gentes desse lugar
Fazendo desta cidade,
Que é pousada de veraneio,
Nos sonhos da mocidade
Sorrisos como esteio.

Nova Friburgo, 23/10/2004(9h12m).

Teologia de um pecador

Eu, filho do adultério e da transgressão,
Esparro coadjuvante de meus pais,
Sofro, desde a protogênese destes ais,
Da natureza pecaminosa, o coração!

Já dizia o sábio pai da Igreja de Cristo:
Que a natureza humana se fez em queda,
A alma vendendo por qualquer moeda.
E Deus, ali na cruz, sofrendo mais que isto!

Não quero, a este mundo vil, mais pertencer,
Se as dores do pecado ainda tiver que sofrer
Entre a carne e o espírito, declararei guerra.

Assim, hei de em luta ingente, uma batalha,
O pecado envolver bem preso na mortalha
E para Deus viver, como salvo nesta Terra.

Nova Friburgo, 22/10/2004(20h51m).

Teófilo

Assim que nasceu o Teófilo
O pai cobrindo-o com pano
Quis fazer do filho um sacro
Tinha medo do profano.

Levou-o pra Igreja logo,
Antes de completar ano
Queria-o perto do sacro
E bem longe do profano.

O menino desde cedo
Nem sonhava com o arcano
Acostumado com o sacro
Nem sabia do profano.

Mas o menino crescendo
Conviveu com o mundano
Desconfiando do sacro
Interessou-se no profano.

Este foi um risco claro
Para o qual não teve plano
Esquecendo-se do sacro
Atolou-se no profano.

A música cativou o moço
Mas nada a ver com o piano
Este, um instrumento sacro,
Queria algo mais profano.

Assim aos poucos Teófilo
De um coração espartano
Não mais conhecia o sacro
Só queria saber do profano.

Até que naquele simulacro
Percebendo entrar pelo cano
Sentiu saudades do sacro
Desgostou-se com o profano.

E Deus que socorre o fraco
Com amor do qual me ufano
Tornou-o amante do sacro
Esquecido do profano.

Nova Friburgo, 22/10/2004(8h15m).

Homilética

Estou cheio desses trejeitos estudados
Desse bom-mocismo comportado.
Um jeito de funcionário público empertigado,
Misturado com pinta de executivo americano,
E uma porção de outras baboseiras
De certos pastores modernosos.

Estou cheio dessa técnica apressada
Numa empáfia dita celestial
Que se apresenta acima do bem e o do mal
E engole os incautos da fé!
Abaixo todos aqueles que não entenderam nada
E até hoje mandam três pontos com exórdio e peroração.

Estou cheio dessa homilética barata,
Dessa hermenêutica apressada
Interesseira,
Política,
Chacrinha e
Raquítica.
De toda homilética que capitula ante
Os assombros provocados pelos seus algozes.

Quero antes a simplicidade dos homens do povo,
A singeleza dos corações poetas,
As falas mansas de profetas,
A invadir-me com sua paz!
Quero as loucas palavras de fé,
Aquelas que despertam risos,
Mas que constroem paraísos
Em cada coração crente.

Não quero mais saber dessas homilias.
Meu sentido é para a Vida!

Nova Friburgo, 22/10/2004(21h14m).

Neli

No dia em que Neli nasceu,
Sua mãe olhou para a lua...
Viu um brilho na sua casa,
Viu um outro em sua rua.

O brilho que ela viu,
Pôs indagação bem crua...
Ficaria ela em casa,
Ou fugiria pra rua?

É que o brilho que assistiu,
Deixou-a prostrada e nua...
A porta aberta de casa,
Apontava para a rua...

Faíscas no seu olhar,
Realidade bem sua...
Abandonou sua casa,
E sumiu no meio da rua...

Nova Friburgo, 21/10/2004(22h17m).

Os Litotes

Eram três os irmãos Litotes:
João, Maria e José.
João tinha cara de bobo,
Maria não saía da pia,
José não era nada tolo.
Então o que ele é?

Esperto era esse José!
E se eram três os Litotes,
Que eram os outros dois?
Maria ficou pra titia,
Saberemos disso depois.
João não era nada sábio!

Burro esse tal de João!
José fazia contraponto,
No seio da família Litote.
Maria na cabeça tinha fita.
Mas já tinha levado calote.
Ela não era nada bonita!

Era feia a Maria Litote!
E os três Litotes irmãos,
Tornaram-se mais irmanados:
João com ar de deboche,
Maria lavando suas mãos,
E José pelos dois amparado!

Nova Friburgo, 21/10/2004(22h05m).

Joel Fiel

Quando Joel se converteu,
Foi para a Igreja orar...
Pensou ser sacro o Universo,
Pôs-se, por isso, a amar.

Meditando logo descobriu:
Nem só de pão vive o homem...
Queria as coisas do Espírito,
Que ferrugens não consomem...

Tanto orou em ardente vigília,
Que na Casa de Deus adormeceu...
E no sono, um sonho de um dia,
Habitar nas moradas do Céu...

E Joel descobriu logo cedo,
A luta que estava a travar...
Sua carne impregnada de medo,
E o espírito querendo adorar...

Mas Joel, de alcunha Fiel,
Vencendo as batalhas da vida...
Não tirou o olhar do seu Céu,
Para o mundo fez despedida...

Nova Friburgo, 21/10/2004(21h30m).

RISOS ESPONTÂNEOS

Risos espontâneos
são percepções suaves
de lindas coisas
acontecendo ao redor.

Vêm em forma de esboço
e num esgar de lábios
que se abrem sutilmente
a desnudar alvos dentes.

São suaves sopros
de ventos refrescantes
a bafejar brisas doces
como de bacantes.

E na percepção serena
de faces transmudadas
os risos se fazem acordos
de almas aladas.

Mas os risos dos amantes
são algo mais profundo.
É coceirinha na planta dos pés
e no púbis do mundo.

E quando eles se instalam
tomando conta de seu corpo
em forte gargalhar estalam
e corpos se enlaçam no amar.

Nova Friburgo, 15/10/2004(7h).

quinta-feira, dezembro 13, 2007

INTERROGAÇÃO

Por dentro,
um vazio:
Sentimento
de não-ser!

Um gosto
amargo
na boca
sem saber.

Emoção
em fúria.
É incúria
do coração!

Sentimento
travado,
magoado,
no momento.

Quem sou?

Nova Friburgo, 14/10/2004(7h05m).

O Poeta

O poeta
com o seu farol de milha
é como um homine-automobile:
Enxerga longe
através das luzes
acesas do inconsciente.

Não lhe perturba
o cair da noite,
nem o breu que se abate
sobre a humanidade.
Ele fuça no profundo
em busca de sanidade.
O poeta é descobridor
de mundos perdidos;
farejador de aromas
desconhecidos.
E constrói um
traçado de significação.
Ele tem na alma
o gérmen da inquietação,
e seu canto ecoa
solene, voando
nas asas acolhedoras
do pássaro do amor.

O poeta alimenta
o mundo com seu pólen,
espargindo a renovação
através de palavras-símbolo,
que fecundam
como giestas no seu coração.

Murinele, 10/10/2004(16h30m).

Sentimento Universal

A Yanes e Aline em seu casamento no dia 09/10/2004.

“Amor: um sentimento sem dono,
um canto de exaltação.
Idioma universal
que provoca reação.
E numa cadeia sistêmica
com paz ou muita polêmica
em toda tribo e língua,
povo, raça e nação,
chega com jeito fraterno.
Amor, sentimento eterno,
que expande o coração!”

“Amor: testemunho d’esperança,
um canto ao que é possível.
E no meio da bonança ou
da borrasca e do irascível,
é ele que com seu jeito
expulsa todo o defeito
e se impõe sem mágoa ou dor.
É que na estrada da vida
o amor é sentimento nobre
que atinge rico e pobre
e a todos propõe seu favor!”

“Amor: um amálgama de sonhos,
um raio de luz multicor.
E nos dias mais bisonhos,
Nos tropeços e chorar.
Não existe forma mais linda,
Rica, bela e benfazeja
para um dia que se finda
que o jeito pessoal de amar.
Presente em todos os lugares
Onde haja um coração florido
O amor passeia em pomares!”

Nova Friburgo, 09/10/2004(12h41m).

ENQUANTO BUSCAS

Enquanto buscas
aflitivamente
teu amor...

Enquanto investes
loucamente,
queres ter favor...

Enquanto a vida
escorrega sofrida
entrededos...
E o desalento
no sofrimento
impõe seus medos!

Sonhe!

Sonhe e deixes a vida ser!

Enquanto sonhas
lembra-te que o belo
é acessível...
Enquanto sonhas
em teu anelo
faças o possível...

Para conquistar
através do amar
o teu desejo...
Sem medo ou pejo
sonhe os sonhos
do teu coração!

E, enquanto sonhas,
lembra-te segura
que eu existo!

Nova Friburgo, 06/10/2004(7h28m).

ÊXTASE

Abri o livro e vi o texto:
Uma carta mal dobrada na página cem.
Chamou-me a atenção logo a grafia.
Uma escrita forte, tinta azul,
estradas seguras para pensamentos
leves e soltos que fluíam
como água de fonte divina.

Meus olhos percorriam as letras
enxergando as palavras do coração delas.
Era como se o palpitar de tantas
emoções provocassem uma pulsação
mais prolongada: paternogênesis.

Quem visse a cena de fora
perceberia meus olhos brilhando,
grudados no papel amarfanhado,
como que a querer extrair por
osmose todo o seu conteúdo
e armazená-lo na memória do
coração.

Era assim que me sentia
ao ler em casa sua poesia!

Itaboraí, 21/08/2004 (12h40m).

quarta-feira, dezembro 12, 2007

TRÍPLICE CANTO

Nesta manhã tão bonita
Com o sol no céu a brilhar.
O tríplice canto da vida
Meu coração quer cantar.
É canto de alma cheia
De alma serena e bela.
Amor correndo na veia
Saindo pela janela!

A vida na infância tem
Um belo canto de espera.
Canção que embala o neném
E a infância por ele anela.
Abrigado no coração
É um canto de criança.
Surge em forma de canção
E seu nome é esperança!

Mas a vida tem outro canto
Que surge na alma jovem.
Ele afasta todo o espanto
E as tristezas removem.
É um canto que desabrocha
Suave, envolvente, uma flor.
Sedimenta como a rocha
E atende por amor!

Mas o tempo vai passando,
A vida produz canto novo.
Num coração que amando
Espera pelo renovo.
Com o passar dos anos,
No auge, maturidade,
O som que vem dos arcanos
É o canto da saudade!

Por isso enquanto posso
Cantar os cantos da vida.
Da esperança me aposso
Não quero fazer despedida!
Em amor quero viver
Fazendo de tudo canção.
Pra saudades sempre ter
Nas voltas do meu coração!

Cachoeiras de Macacu, 01 de julho de 2004 (11h40m)

SONETO A BRIZOLA

Luminar de um país sem homens
Enfeixados no construir a história.
Orfandade onde grassam fomes
Nesta quadra que se faz memória.

Ele foi mais que um democrata
Lutador numa vil realidade.
Distanciando-se do ouro e prata
Em sua luta pela legalidade.

Mais que isso, agora que partiu
Os esforços devem permanecer
Ultimando um novo Brasil.

Resta, então, nunca esquecer,
Ao lembrar o trabalhismo seu:
BRIZOLA vive, ele não morreu!

Nova Friburgo, 01 de julho de 2004 (20h)

CANÇÃO DE ADORAÇÃO

Eu nasci num lar de luz,
Fulgente luz.
E Jesus habita lá!
Onde se cantam hinos,
Com os meninos.
Um sonho de Shangri-lá!

Aquelas tardes tão belas,
Saudades delas.
Oh quão bom era sonhar.
Imaginava o futuro,
Nada escuro.
Deus iria iluminar!

Nos cultos que se fazia
Orar seria
Uma expressão de fé.
Nos cultos naquela sala
Toda fala
Ao Deus que sempre “É”!

Papai, mamãe, sempre atentos,
Nos momentos
De ler alto a Escritura.
E todos juntos louvando,
Com fé orando.
Seguíamos a partitura!

É por isso que hoje trago
Com afago.
Uma canção de amor.
Adoro a Deus com a alma,
Sinto calma.
Na santa paz do Senhor!

Cachoeiras de Macacu, 01 de julho de 2004 (19h38m)

SONETO DO AMOR DIVINO

Este amor que em mim hoje é tudo,
amor que é belo, pois vindo de Deus.
É fonte serena de paz, sobretudo,
quando me assiste nos sonhos meus.

De todas as virtudes que o homem herdou
daquele que lhe deu imagem e semelhança
o amor é aquela que mais o honrou
produzindo na alma e no corpo bonança.

Por isso do amor não quero me afastar,
pois quanto mais perto dele eu estiver
mais perto de Deus passarei a existir.

Assim, enquanto em mim, vida houver
e por Deus este amor eu bem sentir
a Deus adorar será forma de amar.

Niterói, 25 de junho de 2004 (14h30m)

SONETO DA ESPERA

Por te amar meu coração investe
todo o tempo do mundo e a lua.
Em esperança minh’alma reveste
de um brilho, inspiração só tua!

Então aguardo no silêncio d’alma
pequeno aceno, gesto que é só teu.
Se desencontros, há suave calma
nos sofrimentos que já esqueceu.

Mas se agora em instante sublime,
no aguardar confirmação do amor,
ouvir ainda pedido de uma espera:

Esperarei, inda que em mim a dor,
sinalize sonhos, grande Quimera.
A esperança é amor que se redime.

São Gonçalo, 25 de junho de 2004 (9h)

quarta-feira, dezembro 05, 2007

SONETO DA ALEGRIA

A alegria é filha solteira do vento:
Aparece quando bem entender...
Faísca incandescente num momento
carvão esfarelado ao se perceber!

Produz risos e gargalhar estonteante,
quando cercada de estímulos externos.
Mas sua expressão se torna pujante
ao ser alimentada de gestos fraternos.

Porém, ela pode ser mui traiçoeira
no rosto e na alma de quem sonha
e na vida se faz ermitão nefelibata.

Ela é graça que a vida acompanha
e ao coração despreparado maltrata
se a vida não encarar sobranceira.

Niterói, 25 de junho de 2004 (12h10m)

MORENA CIGANA

Morena cigana,
faces rosadas.
Linda donzela,
mulher amada.
Meu ser a ama,
almas aladas.
Sem dor ou ais,
conto de fada.

Das bochechas
eu colho rosas.
De seus lábios
sinto o mel.
E nas madeixas
como de moças
fonte de bios
viajo aos céus!

Este perfume
da juventude
sinto fresco
no seu regaço.
Se o ciúme
numa atitude
for grotesco:
Que é que faço?

A quero tanto
me cativou
sonho consigo
e seu amor.
E no acalanto
se encontrou
em mim, abrigo
lhe dou u’a flor.

De amor sublime
que traz encanto
expulsa espanto
e qualquer dor.
Assim exprime
felicidade
e mocidade
por onde for...

Nova Friburgo, 16 de junho de 2004 (5h52m)

MONTAGEM

Tome os pinos da palavra
e a tábua do conhecimento.
Junte as letras, tire a trava
sem haver esquecimento.

Cada peça em seu lugar
monte o texto em edifício.
Artigo e sujeito a se achar,
o adjetivo é um artifício!

Deve-se começar na base
ir subindo em profusão.
Para que a obra não atrase
ponha siso co’a emoção!

Não esqueça os parafusos
ponha todos em seu lugar.
Palavras têm próprios usos
se bem quiser comunicar.

Tudo então arrumadinho
- cada peça e seu encaixe -
um poema bem limpinho
deve ser o que se ache!

Quando tudo já montado:
Advérbio e preposição.
Há um canto entoado
nas fraldas do coração!

E agora bem disposto:
O construtor e sua obra...
Apresenta, mostra o rosto,
se é poema não soçobra.

Com o Idioma e sua verve
torna vivo o vernáculo.
No cenário a alma ferve
ela o leva ao Cenáculo!

Nova Friburgo, 13 de junho de 2004 (7h32m)

DISCURSO SOLTO

Preciso falar alguma coisa
Isto me está engasgado,
Mas não sei o que falar.
Só sei que preciso começar
E atirar pra todo lado...

As palavras me apertam
A garganta e o coração.
Preciso falar alguma coisa
Dizer algo para o mundo
Não sei se será profundo
Ou se mera e vã paixão!

Levo as mãos à garganta
Sinto aperto e sufoco.
Preciso falar algo forte
Mas percebo que estou rouco.
Falo, grito, ninguém escuta.
Estou ficando biruta?

Liberdade, ainda que tarde.
Minha noite já chegou.
Quem pensou no descanso
Ainda não se encontrou.
Pois em mim a febre arde
E não encontro remanso.

Igualdade para todos
Acabar com a injustiça
Oportunidade de trabalho
Um fim na vida postiça.
É preciso uma razão
Pra fugir dessa ilusão!

Fraternidade entre os homens
Paz a toda humanidade
Foi a promessa do Cristo
Não só aos de boa-vontade!
Um esgar de comunhão
É minha ingente oração!

Nova Friburgo, 13 de junho de 2004 (7h49m)

DÊ UM SINAL

Dê um sinal de vida,
aliás, tu és minha vida...

Dê um sinal de amor,
Estou disposto a ir
por onde for!

Dê um sinal de paz,
pois no mundo
a gente mesmo faz!

Dê um sinal de esperança,
algo belo e puro,
como sonho de criança!

Dê um sinal de alegria,
não posso esperar
ficar sem sol por mais um dia!

Dê um sinal de amizade,
correrei em sua busca
pelas ruas da cidade!

Dê um sinal de emoção,
pois em ti vejo
grande poder de atração!

Nova Friburgo, 16 de junho de 2004 (5h52m)

terça-feira, dezembro 04, 2007

ICE GOSPEL

Eu repudio o gospel! O gospel-grana,
O gospel-fantasia!
A indigesta trama de uma burguesia!
O pastor-empresário! O pastor-vitrine!
O pastor que sendo carismático, neo ou pentecostal,
É promotor do ego, mesmo sendo tradicional.

Eu repudio as comunidades ardilosas!
Os baronatos de néon! Os bíblias safados! Os doutores de aluguel!
Que se escondem em templos feitos por mãos humanas;
E se apropriam de ofertas de formas nada espartanas,
Dizendo-se faladores de línguas mais que estrangeiras:
Dialetos de anjos caídos nas armadilhas do deus Marketing.

Eu repudio o gospel-fajuto!
A imbecil imitação da América, americanização esotérica.
Pra inglês ver e tupiniquim entretecer!
Perceba a realidade de nossa gente!
Nossos templos abarrotados de desesperados!
Loucos de raiva! E o Sol da justiça passa longe
Desses arraiais mundanos travestidos de cristandade!

Ai! Se gospel fosse outra coisa!
Do jeito que é no Brasil, não passa de um frio cortante
No coração da fé, no coração do povo!
Ice gospel a matar a ingênua criança do Cristo!

Nova Friburgo, 12 de junho de 2004 (16h52m)

ESTRADA DA VIDA

Ao Pr. Clésio e Noemia (Bodas de Ouro)

Antes, naquele distante inverno,
Em encontros sonhadores
Vocês deixaram seus olhares
Cruzarem da vida os seus ares.
Trocaram um abraço fraterno
Que os enchendo de amores
Levou-os depressa ao altar:
O amor plantando um sonhar!

Com certeza um lindo casamento
Aconteceu naquele dia doze.
Nas asas do sonho, num momento,
Foi como saborear algo doce...
Fazendo juras de amor eterno,
Sorrindo alegres na hora do “sim!”,
Acalentados por um coração terno
Uniram-se para um amor sem-fim.

Ah, quantos casais fazem juras no altar:
Tantos casam e logo se descasam.
Descansam no comodismo do não-lutar,
E o divórcio suas vidas arrasam!
Vocês atravessaram o Túnel do Tempo
Romperam os vendavais da vida atroz
Voaram felizes nas asas do Vento
Cantando o amor em uníssona voz!

Agora, desfrutam a alegria da raça,
Vivem juntos o privilégio dos eleitos,
Que do amor produzindo seus efeitos,
Representa superabundante Graça!
Bodas de Ouro é comemoração rara
E a vida lhes reservou esta ventura
Em festa especial, valiosa e cara,
Embebida por laços de ternura.

Antes, quando se uniram no amor,
Invocaram a bênção de Deus o Pai.
Queriam a proteção bendita do Senhor
Sobre os corações, o lar e tudo mais.
Agora, comparecem para agradecer,
Os caminhos todos percorridos...
Foram cinqüenta anos de prazer,
Em família muito bem vividos.

Antes, jovens, olhavam o futuro,
Com olhar risonho de esperança!
Enxergavam para além do muro
Dos problemas tidos na andança!
Agora, volvem ao seu passado,
Pensamento que a vida esconde:
Recordando ao lado do amado,
O amor que o coração expande!

Antes era só vontade e sonho
Em futuro ridente de promessas.
Mesmo que por muito estranho
Do amanhã queriam pressas!
Hoje, cheios de lindas saudades,
Os momentos estão a recordar.
Realizações de suas mocidades
Impulsos venturosos do amar.

Antes foi árdua a semeadura
Em batalha ingente pela vida.
Criando filhos numa lida dura
De si mesmo a vida esquecida.
Agora, do alto de uma vida feita,
Caminhos longos nesta estrada.
Festa risonha pela boa colheita
Ao lado sempre da pessoa amada.

É por isso que antes precisavam
Para a vida muitos conselheiros.
Enquanto seus corações amavam
Nos sonhos todos sobranceiros.
Agora, aos filhos, netos e demais,
Na questão sublime do casamento
Podem dar conselhos, algo mais,
Que ajudem em todo sentimento!

É que na estrada da vida conjugal
Caminhando altivos e com Deus.
Venceram as batalhas contra o mal
Elevando glórias para os céus!
Cala alto, fundo, um binômio,
Que da vida é vosso segredo:
“Eu” e “Tu” unido em matrimônio
Fez o “Nós” amado desde cedo!

Nova Friburgo, 12 de junho de 2004 (11h21m)

CANTO AO AMOR!

Eu canto o amor! O amor-verdadeiro,
aquele que nasceu primeiro!
O amor que tem Deus como modelo!
Amor de Deus! Amor em nós!
Esse amor que mesmo diante da vida atroz
apresenta-se no meio da gente,
e só a gente mesmo sente e entende
a qualidade de seu desvelo!

Eu canto a existência do amor!
Assim como canto a existência da flor:
Tem seu encanto, tem germinação.
E no mistério da vida, sobre-lida,
é o amor que nos traz inspiração...
Vê-lo desabrochar, crescer e florescer:
É como sorriso frágil, tênue esboço,
que desemboca no gargalhar de um moço!

Eu canto a presença do amor!
Amor que sinto na epiderme fremente,
nos sonhos e pensamentos de quem
em si acalenta um coração crente
e parte em busca do “Amém”!
Canto a vida linda que o amor traz
e canto a amizade e o dom fraterno
fruto da comunhão com o Eterno!

Vida ao Amor!
Vida aos que ainda acreditam no amor!
Vida aos que caminham na estrada florida
por onde Deus transita.
Ponto de partida e chegada,
caminho seguro da estrada,
onde quem ama encontra a Vida!

Nova Friburgo, 12 de junho de 2004 (8h11m)

O QUE PROCURAS?

Jovem, o que procuras?
Vejo-te tão atordoado
parecendo estressado
sem sentido pra viver!
Se procuras um emprego
um trabalho, um futuro,
não ficarás no escuro,
tu vais sobreviver...

Mas, jovem, que procuras?
Esta interrogação renitente
que se aloca em tua mente
e tanto te faz amofinar...
Não estarias em busca
de algo muito impossível
enquanto a vida impassível
te convida para amar?

Que procuras meu jovem?
De tão importante na vida
Que te põe numa sobre-lida
insana e quase desumana?
Será que estás num caminho
seguro, certo e promissor?
Está, da rosa, o espinho
afastando-te do amor?

Meu jovem a vida é perfume,
é cheiro que convida a sonhar.
É brisa suave no rostovonta
de suprema de amar.
Se procuras na vida um amigo,
se procuras na vida um amor,
convite para vires comigo
e sentir o perfume da flor...

É convite suave e sereno
que na alma esparge um alento.
Deixa a lida, um pouco, ao meno
se te afasta de qualquer sofrimento.
Quero ver-te sorrir para a vida,
quero ver-te amar sem sofrer,
dos receios fazer despedida
há algo que precisas saber!

Por trás da montanha dos sonhos,
além deste Sol que ainda brilha,
se esconde um tesouro mui rico
de quem a Esperança é filha!
Abre os olhos para o mundo ao redor,
veja os encantos desta vida de amor!
Dos sustos, a angústia, é o menor
não carregues a frustração seja qual for.

Encontre o amor que procuras,
encontre a paz que precisas.
Viva, então, a alegria presente,
algo bom que só a gente sente!
Amar é o mais nobre sentimento
aquele do qual sempre se quer ter,
e é isto que sinto no momento
e que me faz tranqüilo viver!

Nova Friburgo, 08 de junho de 2004 (7h16m)

DESEJOS DE MÃE

A Milena Marini

Minha filha querida
Que hoje faz anos
E se enche de planos
Nos sonhos da vida.
Quero hoje te dizer
Que tu és para mim
Não apenas um ser
Mas amor sem fim.

És herança de Deus
Filha da promessa
A mostrar os céus
Num jeito sem pressa.
Pois em nosso lar
És a filha primeira
Que da vida o amar
Deu fruto a macieira.

De amor profundo
Que seus pais tiveram
E aqui neste mundo
A sorrir acolheram.
Um pequeno ser
Tão frágil e tão belo.
Que no lar veio ter
Expressão de anelo.

Minha filha querida
Neste dia que termina
Ao fazeres despedida
Do tempo de menina.
Quero a Deus orar,
Pelo futuro interceder,
E a Deus suplicar,
Para bênçãos conceder.

Tua mãe te ama muito
E tem sonhos de alegria
E todo o meu intuito
É ver nascer novo dia.
Pra tua vida nesta terra,
Teu futuro de mulher,
Sonhos que encerras
Do jeito que a vida quer.

Mas, há algo que preciso
Falar do coração:
Minha filha tenha siso,
Não esqueça a oração!
O mundo está difícil
É preciso sabedoria.
Construa um edifício
Faça dele moradia.

Um edifício de amor
Onde Deus está presente
E Jesus sendo Senhor
Faça-te melhor crente.
Aqueça seu coração
Neste edifício de fé
E de Deus a comunhão
Mantenha tua vida de pé!

Nova Friburgo, 01 de junho de 2004 (11h30m)

BATISTAS

A J. J. Soares Filho

O pastor independente
disputa com o pastor nacional
quem é melhor que o pastor brasileiro.

Entrementes, o pastor brasileiro
põe-se de joelhos no chão e ora.

Nova Friburgo, 23 de maio de 2004 (6h23m)

ALGO POÉTICO

Escrevi um verso,
Débil verso,
Algo poético.

Nele havia umas linhas,
Parcas linhas.
Senti-me patético.

Nem cheguei a saborear as palavras,
Tortas palavras,
Sem chantili ou cerejas.

O que me fascinou então,
E que fascínio!
Foram as sensações.

E inebriado por tantos revoluteios,
Os sentidos ardendo em febre,
Tirei minhas conclusões:

Deve ser poesia!
É lindo de ler e de ouvir.
Deve ser poesia!
Funciona como música aos ouvidos.

É!
Deve ser...
Como ter certeza dessa sensação tão suave,
Dessa invasão tão forte e presença contagiante?

Somente entendendo a vida,
Seu sentido calcado no ético.
Acrescido da musicalidade das palavras:
Algo poético.

Nova Friburgo, 19 de maio de 2004 (11h33m)

VOCÊ É...

Você é um sonho de outono
que fecundado no meu coração,
aguarda o momento certo
para marcar a estação.
Mas você é mais que um sonho de outono:
Você é uma árvore no meu pomar.
Você é uma menina linda e suave,
que numa manhã de sol aprendi a amar!

Você é um lindo rosto à minha frente,
que me inspira doces emoções.
E me leva a devaneios etéreos
na união de nossos corações.
Mas você é mais que um lindo rosto:
Você é uma sereia no meu mar.
Você é uma menina linda e suave,
que numa manhã de sol aprendi a amar!

Você é um livro aberto no sumário,
para que eu possa ler com sofreguidão
todos os poemas ali entalhados:
Luz d'alma que expulsa a escuridão.
Mas você é mais que um poema a cada manhã:
Você é literatura viva flanando no ar.
Você é uma menina linda e suave,
que numa manhã de sol aprendi a amar!

Nova Friburgo, 10 de maio de 2004 (7h30m)