sábado, outubro 31, 2015

ENSAIO

Tu não trazes para mim qualquer pergunta
que apareça sequer em teu olhar;
não me ofereces nenhum brilho pra dúvida
e nem um pálido sinal de esperança;
não há reflexos fantasmagóricos
dessa inquieta, incrível cosmogonia
que em teu interior rejeita o caos;
tuas perguntas não são filosofia
que eu possa, enfim, me debruçar;
teus mistérios não são a poesia
que me faça, por fim, querer amar.
Tu apenas levas sonho como a florista
que percorre toda a feira com leveza
de quem poucos adquirem um arranjo
(que transfere graça, pra casa e mesa)
e quando não vem, sente-se falta.
Devo confessar que inda não achei
outro alguém que me faça indagar
outro alguém que me faça percorrer
com os olhos o ciclo da existência
com a mente os arcanos da ciência
nesse afã de um sentido interior.
Em teu vazio me encontro a procurar
na tua falta eu me vejo a preencher
na tua expressividade simbólica
eu me indago inquieto pela vida
e me descubro a buscar um sentido
um sentido qualquer, uma utopia
do compreendido e do não compreendido
ora vem, sobre mim vem Poesia.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

26 de Julho de 2015 (05h55min).

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