sexta-feira, novembro 07, 2014

NÃO MAIS JANEIRO...

Não mais janeiro
ainda que fevereiro
nunca chegue até abril
tenho um ano pela frente
e hei de seguir contente
o calendário gregoriano
este calendário profano
que me abastece de datas
um tanto dúbias, inexatas –
desse meu ano intenso.

Percorrerei cada mês
e seguirei os meus dias
vivendo ano após ano
e seguirei meu plano
de ser alguém solidário
ao cumprir o ideário
de fazer sempre o bem.

E não importa o tempo
que eu leve a sonhar
prosseguirei sonhando
e também acreditando
pois em meu Deus está
tanto o sonho do querer
como a ação do efetuar.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

12 de Outubro de 2014 (04h30min).

NOVOS ATOS

E mesmo que o corpo canse
da caminhada da vida
e a luz se apague lenta
prenunciando o dormir.

Esta noite será breve
pois a alma encorajada
fará com que o sol acordando
traga as novas do porvir.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

11 de Outubro de 2014 (16h12min).

PEDRAS MUDAS

É pra depois que as bocas crentes se calarem
que as pedras clamarão
e as montanhas cantarão
o gemido das espécies.

Silenciados os profetas
cruzados os braços solidários
desaparecidas as testemunhas vivas...

Dormem os povos e a noite chega
e os brutos tomam conta da Terra
e monstruosidades humanas
em corpos transmudados em insanidade –
compõem a farsa da vida
dessa fauna que domina a noite existencial.

O silêncio é loquaz
e ecoa o grito do avesso da vida
e os ponteiros do relógio
se libertam do tempo
transformando-se em espadas
no duelo da fé:
o mundo paralisa-se imundo
sob lua minguante.

Mas, há um remanescente fiel
que sorve em silêncio
o vinho do Cálice da Salvação
e absorve a mensagem do Cristo
e expulsa a noite densa
sem provocar ofensa.
Que proclama o kerigma do Cristo
e reapresenta os abraços solidários
e restaura a adoração verdadeira
fazendo com que as pedras
retornem mudas ao seu próprio lugar.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,

11 de Outubro de 2014 (12h15min).

A POESIA DO CULTO

A poesia do culto
não é só a das letras dos hinos
não é apenas a que vem da prédica.

O culto é uma construção coletiva
como castelo de areia na praia
feito pelas mãos da petizada.
Há um tom de fatalidade na obra
tem hora marcada para sumir –
basta chegarem as águas
que o vento traz de bem longe
nos movimentos da existência.

A poesia do culto está muito mais
nas pessoas e nos seus sentimentos.
Não há culto pétreo,
há culto poético!
E poesia é mais para se sentir
do que para se tocar.
Mesmo que um abraço no irmão
carregue a poesia da comunhão.
Mas, ela só vai junto
se preexistir dentro do peito.
A poesia do culto acaba
quando as águas do mar da vida
levarem o último crente
a transpor o portal do templo
após o poslúdio da noite.

Mas a poesia do culto recomeça
– e será outra, nova, diferente –
quando todos voltarem novamente
para uma outra construção coletiva
que seja de novo insuperável.

Não há culto pétreo,
há culto poético.
E eu quero estar em todos os cultos
onde a poesia do Espírito
faz a diferença da adoração.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
11 de Outubro de 2014 (08h35min).