Acabo de
chegar do culto (21h23min).
De férias,
fui visitar uma igreja coirmã. Como sempre faço. Nossa querida PIB de
Riograndina (Nova Friburgo, RJ); pastoreada pelo xará Josué Galhardo.
Ele, de
férias, também. Soube na hora.
Sabe
aquela coisa de você estar aberto ao mover de Deus?
Estava
assim: sequioso de cultuar e de ouvir a Palavra. E Deus tinha propósitos.
Rever os
irmãos, é sempre um deles. Mas, não é tudo.
A gente
não vai aos cultos só porque vai encontrar gente bacana, gente legal; com quem
nos afinamos afetivamente.
Se fosse
só por isso, seria pouco, muito pouco.
Deus tem
muito mais!
Tudo foi
normal: o louvor, a direção do culto e a mensagem. Bíblica, firme e
desafiadora; trazida pelo irmão Adão Marfil.
Se é que
possa chamar de normal, algo que é espiritual, transcendental. Mas o caro
leitor entende o que digo.
A
singeleza imperava em tudo, e Deus agindo.
Até que a
irmã Dulce apresentou em solo a canção eternizada por Ozéias de Paula: “Eu
Quero Dar Amor!”.
Aí, tudo
mudou!
A linda
letra dessa música, dos anos 80, fez-me regressar no tempo e voltar às minhas
origens batistas.
Embora
Ozéias de Paula seja um cantor assembleiano.
A letra,
de gênero lírico, especificamente um hino de exaltação ao amor, marcou uma
geração.
Vale a
pena conferir, principalmente você que viveu esta época e sabe do que estou
falando:
Eu Quero Dar Amor
Eu quero
amar sem barreiras
Eu quero
amar sem fronteiras
Eu quero
amar sem limites,
ou
preconceitos,
Eu quero
amar seja quem for
Eu quero
dar amor
(Coro)
Eu quero
dar amor
Eu quero
dar amor
Foi Cristo
que me ensinou
Eu quero é
dar amor
Eu quero
amar sem medida
Aos pobres
loucos da vida
Eu quero
amar quem me fere ou mata o corpo
Eu quero
ser somente amor
Eu quero
dar amor
Eu quero
amar ao mendigo
Ao rico ao
pobre ao amigo
Eu quero
dar uma parte, da minha alegria
A quem
soluça em meio a dor
Eu quero
dar amor
E,
enquanto ouvia a irmã Dulce cantar, minha alma se enlevou, meu espírito entrou
em sintonia com fortes emoções, lágrimas me vieram aos olhos ao retornar ao
passado de uma Igreja, que pra infelicidade de todos que a viveram, nunca mais
voltará a ser.
Eu Quero
Dar Amor, interpretada no culto dessa noite pela Irmã Dulcinéia,
trouxe-me à memória uma Igreja que já não mais é.
Um tempo de
amor, de esperança, de paz.
Um tempo
de sonhos.
Um tempo
de louvar a Deus de forma espontânea, sincera, desimpedida.
Um tempo
de acreditar na paz reinando na terra, na justiça expulsando a opressão, na luz
expulsando as trevas.
Junto com
as canções “Eu te Amo” e “O Amor É Tudo” composições de Edison Coelho (um dos
maiores compositores de música cristã brasileira de todos os tempos), Eu
Quero Dar Amor fez parte de uma tríade que exaltava o amor e imprimia
no coração da juventude evangélica da década de 80 esta marca.
Eu te
Amo
é uma declaração de amor a Jesus.
Edison
Coelho foi feliz ao declarar: “Eu te amo mais que abelha ama a flor / Eu
te amo e como é forte o meu amor / Eu te amo
mais que tudo mais que a vida que há em mim / Eu
te amo e nada vence esse amor que não tem fim / Eu
te amo pois trocaste o meu fardo pela cruz / E
é assim que eu te amo Jesus”.
E o poeta prosseguiu
exaltando esse amor: “Eu te amo mais que um preso anseia ver / Toda luz da liberdade e assim viver/ Eu te amo mais que o nauta ama a pátria que
deixou / Mais que o pobre exilado ama o chão
que o desprezou / Eu te amo mais que um cego
possa desejar a luz / E é assim que eu te
amo Jesus”.
Com a ascensão do
movimento feminista, da liberalização informal das drogas, do movimento Hippie,
de Woodstock, do “É Proibido Proibir!”, do “I
Love You” desenfreado, a Igreja respondeu ao amor com amor.
A outra canção, O
Amor é Tudo, também de Edison Coelho, exaltava o amor fraterno, o amor
solidário e o compositor aliava este amor ao eterno amor de Deus: “No principio
era o verbo / E o verbo era Deus / E a natureza já existia nos planos seus / Desde
a maior estrela a mais singela flor / Traçando leis tudo Ele fez por seu amor”.
E assim enaltecia o
amor: “O amor é tudo / Feliz é quem ama / Não há barreiras para conter sua
chama / O amor é bálsamo na triste lida / O amor é mais, também é paz / O amor
é vida”.
Na segunda estrofe, o
poeta mostra o caráter do amor e sua atuação: “O amor supera o ódio através do
seu poder / Tudo ele sofre, tudo suporta e tudo crê / Amai-vos uns aos outros
conforme Eu vos amei / Andai na luz, disse Jesus, o Rei dos reis”.
A resposta da Igreja ao
amor do mundo era com o amor de Deus. “Juventude Transviada” (ou Rebel Without a Cause), filme de 1955,
dirigido por Nicholas Ray e estrelado por James Dean, ainda ecoava na Geração
80. Havia uma forte transgressão de valores como era forte o cheiro da maconha
no ar.
A juventude do mundo queria
amor e a Igreja, na voz de seus jovens, dizia, romanticamente, “eu quero dar
amor”. E, afirmava, que isso tinha sido ensinado pelo Cristo.
Só que o amor que a
juventude transviada queria era sexo.
E o amor que a juventude
cristã tinha para oferecer era comunhão.
Seja na voz de Ozéias de
Paula (foi na AD de Santo Aleixo, RJ, que o maestro Álvaro percebeu que a voz
de Ozéias se diferenciava, porque possuía um timbre mais agudo que os demais
coristas de voz masculina, sabendo tirar proveito e prepará-lo para louvar a
Deus), seja em outras vozes maviosas, a juventude evangélica respondeu para o
Brasil que queria o verdadeiro amor em solo pátrio.
Aquela era uma Igreja
que sonhava.
Era uma juventude que tinha
ideais.
Uma juventude sofrida, talvez,
mas que confiava num Deus que a poderia levantar e fazer dela uma expressão
para este país.
Por isso que aquela
juventude era engajada. O Evangelho não produz alienação. “Ópio do povo” é o
esquerdismo de gabinete, de viver às custas da Viúva e depauperar o país.
Naquele tempo, nos
filmes norte-americanos que assistia, os índios chamavam o homem branco de
“caras-pálidas”.
Lembrei disso, porque hoje,
infelizmente, não vejo melhor alcunha para a igreja do que “almas-pálidas”.
A Igreja contemporânea é
uma igreja descorada.
Uma igreja que já não
sabe mais lutar. Que perdeu a capacidade de se revestir de toda a armadura de
Deus.
Precisamos reagir.
Precisamos acreditar.
Precisamos unir nossas
forças. Precisamos nos posicionar.
Não podemos pactuar com
o erro e nem podemos nos silenciar ante as intensas investidas de Satanás para
destruir a família e desmoralizar o Evangelho.
Precisamos viver com fé
e práxis.
Precisamos viver com
luta e ética.
Precisamos de
adoradores; não de cantadores de fim de semana.
Deus vai fazer a sua
Obra por meio do remanescente fiel. O
toco que voltará a florescer. Jó acreditava nisso: “Porque
há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não
cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz,
e o seu tronco morrer no pó, Ao cheiro
das águas brotará, e dará ramos como uma planta” (Jó 14.7-9).
Josué
Ebenézer – Nova Friburgo,
06/01/2019 (23h34min).
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