quarta-feira, maio 30, 2018

LOUVAÇÃO DA ORAÇÃO SILENCIOSA


No Culto, a Oração Silenciosa...

O pastor conduzia o momento de contrição
                                                era em maio:
o frio já começava na serra,
tão serrana era minha vida no silêncio dessa oração

(como o mês das mães me lembra o bebê que não vingou!)

Eu carregaria para sempre comigo essa lembrança
e as copiosas lágrimas,
                        dos cultos passados com Deus.

Guardo o perfume das primaveras, e o dos talcos e loções para bebê
o vento serrano balança minhas orações.

Ainda há lágrimas interiores, agora em olhos secos!

Minha vida ficou presa no passado
de um pecado não confessado.
Minha vida está suspensa por um fio de oração.

Como o pastor foi sábio naqueles momentos de oração silenciosa...

Sua voz conduzia a congregação à intimidade com Deus,
e eu me debulhava em lágrimas
como espigas de milho secas, descascadas, ao Sol.

Cada vez é maior a minha sombra no chão do remorso...

Passaram-se os anos
e um filme curta-metragem
roda inteiro em meu coração vagabundo.

Toda vez que o piano faz o interlúdio de fundo
para as falas do pastor e o silêncio da congregação –
ouço as batidas de meu coração aflito
e tenho certeza, que no passado, os que perto estavam,
escutavam sua aceleração desenfreada.

E onde estás, arrependimento,
longo como espada de dois gumes que atinge a alma?
Restaurador, tua visita traz alívio e calma
para o cansado e aflito dentre os homens:
és o semeador de trigo nos campos prontos.

Lembre dos que sofreram a dor da miséria:
do pecado secreto; do pecado parceiro;
do pecado coletivo; do pecado da omissão...

Todo pecador sofre de novo, sofre sempre,
enquanto não buscar o seu perdão!

Venha, arrependimento,
fazer o corpo pesado bater asas
e leve-o aos páramos divinos.

Ah, volver ao passado, volverei!

                        Hoje trajo-me de vestes brancas...

Nos momentos de oração silenciosa me curei.

Só Deus sabia da minha ingrata dor.

Fui moço, já sou velho, e no desamparo
não há um justo sequer!
Todos pecaram e destituídos estão.

Quando eu era menina... quando eu era moça...
pensava, falava e agia como tal.

Os meninos de Olaria,
os jovens do Centro,
as meninas do Prado,
os senhores da cidade e do mundo:
cada morro da cidade acolheu seus sonhos...

Amadureci.
Por que a noite chegou tão rápido?

Ah, se não foram as Orações Silenciosas
dos cultos da minha vida,
das falas do meu pastor,
das canções insinuadas,
das lágrimas internas,
das preces balbuciadas
sem forças e até sem fé...

Ah, se não foram as Orações Silenciosas
minha tábua de salvação...

Fala Deus!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
24/05/2018 (05h01min).

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