domingo, agosto 20, 2017

DISCIPUL(O)VELHA

Como um velho discípulo
trazemos no corpo
as marcas de Cristo
e nossa faceta ovelha
teima em recolher-se
tímida como a sombra.
Carregamos na viagem da vida
paralisantes receios
demasiados recuos
planejamentos excessivos
a submissão inofensiva
da condição de ovelha.

Como um discípulo maduro
sabemos que não se pode
perder a ternura
morrer sem candura
deixar se apagar em nós
a chama da fé.

Como discípulo experimentado
levamos no passeio da vida
o rosto de ovelha
o jeito de ovelha
a simpatia e a beleza
de ovelha do Bom Pastor.

Mas, também, a força do discípulo
a coragem do discípulo
o chamado de quem
deixa marcas não impostas,
por onde passa com seu jeito
no testemunho de vida
de quem sabe que do outro lado
para onde vai o discipul(o)velha
não há qualquer discipulado
e não há possibilidade
de deixar algum legado.

À ovelha está ordenado
morrer uma só vez
mas o discípulo continua
na vida daquele que inspirou.
No discipul(o)velha a parte ovelha
mostra-se menos capaz de durar
que sua parte discípulo.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
09/08/2017 (04h54min).

Nenhum comentário: