Dedicado aos
discípulos que abraçaram a missão dada pelo Mestre
e, especialmente, àqueles
que ainda não entenderam a Grande Comissão
ou sequer nela estão
interessados, para que entendam a tempo o seu valor…
não
vou falar de discipulado, vou falar de estrelas cadentes
vou
falar dos brilhos que não foram
de
como alguma escuridão tomou conta de certos lugares
vou
falar de certos ares
tristes
como flores murchas em fim de festa
vou
falar de pássaros em gaiolas
e
de como não conseguimos lhes aprisionar o canto
vou
falar do pranto, do incontido pranto dos inocentes
que
foram massacrados pelo sistema
vou
falar de pessoas simples
que
carregam no peito sonho profundo
vou
falar dos que foram largados no mundo
sem
a esperança cristã
ou
de qualquer espécie
você
exige que eu não fale de discipulado
mas
o canto dos pássaros ecoa das gaiolas
no
trinado insistente de algum lamento
pela
liberdade das árvores e do voo
pelo
espaço infinito dos ares e do vento
e
você acha que consigo suprimir da vida o amor?
ocupar-me-ei
de que então?
dos
feridos nas batalhas virtuais
que
se travam dia a dia agressivamente
nesta
Grande Guerra silenciosa
diabetes
moral que mata aos poucos
dos
que estão frustrados, magoados, ressentidos
porque
um dos seus ficou pelo caminho
desistiu
da vida cedo demais
restando
beijos e abraços para dar
dos
que precisam de alguém que lhes enxergue
e
infunda em seus corações adormecidos
um
tanto de fé na humanidade
cujo
trem descarrilou na Sibéria
dentro
do Expresso da Meia Noite Moral
ou
no Serrado brasileiro
dentro
dos vagões abarrotados de soja
vou
falar das marcas indeléveis
que
o Mal imprimiu na Sociedade
dos
que viajam pela vida
sem
mala e sem bagagem
na
expectativa de aportar em qualquer lugar
para
começar de novo e de novo
até
a próxima viagem sem destino certo
vou
falar sobre canções que as rádios não tocam
e
sobre filmes que se assiste das janelas dos ônibus
vou
falar de folhetos e estudos bíblicos
que
ficaram nas estantes
de
cartões de oração escondidos nas páginas
não
marcadas de bíblias empoeiradas
vou
falar do livro que não se escreve
daquele
que se vive e registra-se no outro
falarei
de tudo o que não seja discipulado
não
vou escrever de cartas evangelísticas
nem
sobre bilhetes de encorajamento
escreverei
acerca de cartas sobre finanças
vou
dar incentivos à produção
vou
falar de trabalho, lucro e produtividade
e,
quem sabe, com mais idade
vou
viver dos dividendos
dos
investimentos feitos
mas
eu não nasci pra isso
não
falar de discipulado é pedir para não ser
se
eu não pedi para nascer
mas
já que estou aqui, quero viver
quando
eu encontrei a Cristo eu nasci de novo
sou
nova criatura, surgiu um novo homem
não
consigo mais viver solitário
não
consigo mais olhar pro mundo
e
ver tanta miséria, tanta solidão
não
consigo enxergar pessoas mortas
caminhando
junto com a multidão
e
ignorar seu sofrimento
e
não sentir, em nenhum momento,
a
compaixão que Jesus sentiu
não
consigo alienar-me da vida
se
o Cristo em mim presente
me
deu nova vida e, de repente,
me
alcançou e fez feliz de novo
eu
aprendi com o Espírito Santo
que
é preciso repartir
que
ao que vive triste e amargo pranto
é
preciso o amor dividir
não
vou falar de discipulado
mas
quem caminha ao meu lado
vai
ter que se esforçar muito pra ver Jesus?
vai
reconhecer em mim, marcas do Cristo?
mais
que isto, vai ser iluminado por sua Luz?
não
me peças pra não falar de discipulado
não
impeças que o Verbo encarnado
se
materialize vivo em mim
calar-me
é morrer em vida
e
ver morrer os que por eles houve cruz
se
discipulado é vida na vida
Jesus
está em mim, eu em Jesus
não
silencies a voz do Espírito
nem
extingais a expressão de amor
se
calares a Palavra que dá vida
se
não houver transmissão da paz
não
só não haverá discipulado
mas
o mundo fará despedida
daquele
que perdoa o pecado
e
oferece a vida que satisfaz
Josué Ebenézer –
Nova Friburgo,
04/09/2017 (a maior parte) e
11/01/2018 (a conclusão),
[11h53min].
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