terça-feira, janeiro 09, 2018

É PROIBIDO PROIBIR

À Noemi Cardoso Soares em seus 18 anos

2018:
Cinquenta anos do ‘É proibido proibir!”
Dezoito anos de minha filha Noemi.

Anos são marcantes em nossas vidas.
Certos anos são marcantes numa geração.
Certos ditos marcam épocas.
Certas falas somem da história.
Pessoas deixam marcas ou
simplesmente desaparecem...

Caetano Veloso eternizou o
“é proibido proibir”
em sua canção de
1968:
“Eu digo não ao não.
Eu digo.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
É proibido proibir.”

Isso não vai parar não?

Parou.

Naquela época
ele repetiu na canção
o famigerado jargão
da música-hino
contra a censura
contra a ditadura...

Os anos passam.
Mudam-se as ideias.
O vento sopra onde quer.
E o que era já não mais é...

Só enxerga
quem tem ouvidos para ouvir
e vontade de entender.

Caetano ficou enraivecido
com os jovens que o vaiaram:
“Os jovens não entendem nada.
Querem matar amanhã
o velho inimigo
que morreu ontem”...

Ah, como estas ideologias
são mesmerizações do espírito humano:
feitiços castiços da alma sem paz.
Tanto a esquerda como a direita matam...
...e morrem!

Ah, nada como o tempo!

Tempus fugit!

Virgílio já falava em suas Geórgicas:
“Sed fugit interea fugit irreparabile tempus”.
"Mas ele foge:
irreversivelmente o tempo

f           o          g          e".


Não é à toa
que se reproduz por ai,
tresloucadamente,
a expressão
de autoria desconhecida
(mais para ditado popular)
que, porém, é impecável:
“O Tempo é senhor da Razão!”
E, não nos esqueçamos:
Deus é o Senhor do Tempo!

Caetano, hoje, é a favor da censura.

Pode isso, Arnaldo?

Pode.
Vivemos a era do tudo pode:
proibir ou deixar de proibir;
parar de proibir e depois voltar atrás...

Caetano é outro.
Juntou-se aos que são contra
as biografias sem autorização.

Isso é censura prévia.

E tem mais artistas que embarcaram nessa.
Todos seguem um Rei:
Roberto Carlos,
o rei da farsa biográfica...

Como disse Ruth de Aquino:
“são músicos brilhantes,
mas péssimos legisladores.”

Tem-se o direito
de ser e se fazer
o que se quiser nesta vida...

Mas, lembre-se:
“Cada qual
vai dar contas
de si mesmo
à Deus!”

Tem-se o direito
até de mudar de lado...

Mas, por favor,
mude para o melhor.
Encontre, pelo menos, o lado bom da vida.
Saia do pior para o melhor;
não faça o caminho inverso.

1968:
o ano da Primavera de Praga!

Revolta.
Jovens na rua.
Protestos.
A busca da liberalização política
da União Soviética opressora.
A Tchecoslováquia
não aguenta mais...

Milan Kundera.
Quem dera
que todos sonhos sonhados,
(quem dera)
fossem de fato alcançados...

O escritor se envolveu na
Primavera de Praga:
A Insustentável Leveza do Ser!

A vida é um rascunho de si mesma:
Os anos passam rápido.
Mudam-se ou fixam-se as ideias.
O vento sopra e sopra onde quer.
E o que era de um jeito, daquele jeito mais não é...

Só enxerga
quem tem ouvidos para ouvir
e vontade de entender corretamente...

A vida foge entrededos.
Como água que não se agarra com as mãos.

Quantas gerações não entenderam
que a Água Viva
não sai de um poço fundo
mas é servida em êxtase?
(metafisicamente)
O mistério insondável
de nunca mais voltar a ter sede...

Milan Kundera entendeu a frágil natureza:
do que se chama por aí de destino,
dos loucos anos que se vive,
da tão sonhada liberdade humana...

1968 - 18 = 1950:

O Brasil quer se reposicionar diante do mundo.

E certos acontecimentos marcam a História:

Em Tanguá, Rio de Janeiro,
um trem cai numa ponte –
matando mais de mil passageiros...

Ocorre a tão sonhada Copa do Mundo,
e o Maracanã vive silêncio profundo...

Inaugura-se a Tevê Tupi,
a primeira emissora tupiniquim...

Getúlio Vargas em eleição idílica
torna-se presidente da República...

Tudo isso seria só grandioso,
se não o fosse também penoso:

Junto com o trem de triste memória
o Brasil perdeu sua malha ferroviária.

O Brasil perde a final para o Uruguai;
drama, que da memória, não mais sai...

Inaugura-se a Era da Vênus Platinada
e o país se faz vil pornochanchada.

Com um tiro no coração Vargas se vai
sai da História quem dos pobres fez-se pai...

Vargas gerou Juscelino...

Os anos cinquenta precisavam de um mito.

Juscelino Kubistchek.

O Brasil quer crescer!
Quer deixar de ser:
O Gigante Adormecido!
Quer aproximar o Futuro.
Invadir o Presente de Realidade.
Deixar de ser apenas Sonho.

Avançar.
Expandir-se.
Modernizar-se.
Ser Presente:
um País que faz diferença
na História do Mundo!

50 anos em 5...

Mas, a ditadura estava
logo ali na esquina do progresso...

E, 1964 gerou 1968:
“O Ano Que não Terminou”
Zuenir Ventura enxergou...
O conturbado ano,
que mexeu com o mundo,
sacudiu o Brasil.

O mundo dá muitas voltas.
Cada geração vive as conquistas
das gerações anteriores;
vive as consequências, de suas lutas.
Cada geração vive as consequências
de suas escolhas e,
deixa legados...

Anos sintetizam ideias
e resumem desesperos...

Nada é como se aparenta.
É insustentável a leveza das ideias
e sonhos desmoronam-se mais rápido
do que se realizam...

Filhos de pais liberais são caretas.
Jovens querem contrapor modelos
e apresentar alternativas nem sempre viáveis.
Revoluções vêm da mente,
mas, revoluções também vêm do coração.

A revolução do amor trouxe:
a pílula anticoncepcional,
a liberalização da mulher,
o feminismo,
o sexo livre,
a camisinha,
Woodstock
Lolita
e Wladimir Nabokov.
Além do pop star maluco
que se disse
mais famoso que o Cristo
e morreu assassinado...

2018:
Cinquenta anos do ‘É proibido proibir!”
Dezoito anos de minha filha Noemi.

Anos são marcantes em nossas vidas.
E anos são mais marcantes ainda
quando os construímos com dedicação.
De certos anos fazemos despedidas
se não quisermos ficar na berlinda
Entre erros e acertos duma geração.

Certos ditos marcam épocas.
Certas falas somem da história.
Pessoas deixam marcas ou
simplesmente desaparecem...

Caetano Veloso eternizou o
“é proibido proibir”
em sua canção de
1968:
“Eu digo não ao não.
Eu digo.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
É proibido proibir.”

Isso não vai parar não?

Parou.

Anáforas cansam.
Como cansa a repetição do erro,
a permanência no pecado.

Dezoito anos...

A idade
(ah, a bela idade)
que se convencionou
ser da maioridade...

Um passe livre para o mundo...
O mundo ao alcance das mãos,
o sonho projetado na vida.

A realidade é nua e crua.

O ser livre
para comandar os próprios destinos
é doce ilusão!
(Que por prática destoante
pode-se tornar amarga...)

O conceito de liberdade
é o conceito mais belo que já se viu...
...e, também, o mais mentiroso!

A dubiedade é sua marca!

Usa-se a pretensa liberdade para
ferir o próximo e a existência.

O ser humano quer uma liberdade que não existe.

Jesus veio reescrever este verbete,
mas os dicionaristas ainda não se converteram:
“se pois o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres...”

Minha pequena Noemi:
Agradável é o seu nome.
Não se envolva com esta geração do mi-mi-mi.

Neste emblemático 2018,
para o Brasil e você
que você consiga perceber
que todas as coisas são lícitas
que tudo é possível ao que crê
mas que nem todo legal é moral
e que nem tudo convém

se queres de Deus o Amém!

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
09/01/2018 (07h56min).

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