Você está no
trânsito
e um poema
cheio de luz
bate no para-brisa
como sol
preenchendo
sua alma e seu ânimo.
Palavras
soltas como carrinhos
de compras
no supermercado
percorrem
céleres
por entre as
gôndolas
ordenando o
caos.
Há uma simetria
na desordem
por onde se
origina a poesia.
Palavras
brilham na luz
como,
também, refletem sua
luz
interior.
Você segura
o volante com mais força
como se
quisesse sentir-se
firmado em
algo sólido
já que a
poesia o convida
a invadir o
Cosmos.
Nem entende
como consegue dirigir
tomado de
assalto pela utopia
de enxergar
no caos a poesia.
É que o
trânsito está parado
e o
engarrafamento cria na avenida
duas filas
paralelas
de carrinhos
estáticos.
O sol bate
pleno em
toda a
extensão do para-brisa.
A moça do
vestido vermelho
troca de
roupa no carro da frente;
pelo espelho
retrovisor
você vê
ressonar o motorista de trás;
três
infantes brincam estridentes
no banco
traseiro do carro ao lado;
e você
procura na pasta
seu caderno
de anotações.
Você
gostaria de escrever
o poema do
momento,
um poema
urbano,
em que as
palavras não sofressem
o
engarrafamento do trânsito.
Você olha
para o lado da calçada
e os
pedestres percorrem ligeiros
os espaços
apertados da urbis.
É quando
você descobre
que não se
podem aprisionar palavras
e que seu
poema vai gritar alto
este seu
sentimento
e ecoar
livre e altissonante
a poesia da
vida
em todo
coração amante,
mesmo que
você esteja preso
por detrás
de um simples volante.
Josué
Ebenézer – Nova
Friburgo,
15/01/2017 (05h43min).
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