Escrevo meus
poemas
como se os
últimos fossem:
os últimos a
serem publicados,
os últimos a
serem lidos,
os últimos a
serem descobertos
(por algum
editor, roteirista de tevê),
os últimos
de minha breve vida.
Mas, aí,
descubro que não.
Que nas vias
seguintes têm mais carros,
nas ruas
seguintes têm mais casas,
nas escolas
ainda há alunos que estudam,
nas igrejas
há jovens louvando
e nas praças
há velhos e crianças
brincando de
pique-esconde:
crianças não
escondem nada quando estão felizes:
é algazarra
pura em forma de vida.
Os velhos
economizam
sorrisos em
bocas murchas:
escondem uma
vida inteira
cheia de
mistérios e aventuras.
É preciso
destravar
com o cheiro
do carrinho de pipoca fresca
e o barulhar
das folhagens nas árvores
e o ajeitar
dos óculos na fronte
a história
de uma vida
nessa
brincadeira não tão nova de velho-esconde.
Josué
Ebenézer – Nova
Friburgo,
18/01/2017 (06h06min).
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