Volta, Drummond!
Vem pegar teu sobretudo.
Quem sabe não mais esqueças as flores...
Volta!
Venha despertar as flores que já morreram.
A Serra precisa de ti
para dar nova vida a cada pétala adormecida.
Volta,
teus versos trarão o retorno do perfume
aprisionado tanto tempo no sobretudo
e transformado em cheiro de morte.
Volta, Drummond!
Venha transformar
o acre cheiro da clorofila apodrecida
destas flores - esmagadas pelo tempo
contra as paredes internas do bolso do sobretudo -,
num campo de ornatos florais e cores perfumosas
como a fluidez do pensamento...
Nos tenros anos da adolescência
fostes acusado de “insubordinação mental”
e como objeção sublime te fizeste poeta.
Volta, Drummond!
Encontrarás uma Friburgo arrependida.
Venha finalmente entregar as flores
da juventude a quem de direito:
À amada que o fizera despertar
da indolência do não-amar.
Nossa cidade sente o peso
do afeto interrompido.
Não queremos mais ser culpados
do rompimento dos laços
que o entrelaçam à amada poesia.
Podes compor
podes sonhar,
podes cantar.
Não apenas no Maio que viu a tua
“Onda” surgir na casa dos dezesseis.
Mas em todos os meses e estações
que te provocarem inspiração,
sobretudo, o inverno!
Queremos protegê-lo do frio,
mas precisamos que nos aquentes
e acalentes, também, com a tua poesia.
Volta, Drummond!
Nem que seja na inspiração
de nossa gente.
Diga-nos se esquecestes apenas as flores
ou também o sobretudo se perdeu.
Se ambos, estás desprotegido.
Queremos que te resguardes do frio
de uma expulsão cruel
que o afastou da companhia de Jesus.
Teus versos iluminam nossa poesia
como a Luz do Cristo nossas vidas!
Nova Friburgo, 15 de abril de 2002 (14h35m)
quarta-feira, novembro 14, 2007
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