Fui tomado por forte sentimento
Em instante angélico de vida.
Instado a captar num só momento
Toda a poesia de forma resumida.
Queria apreender num só segundo
A força da beleza numa palavra.
Fazer do poema todo meu mundo
Da alegria e destreza, minha lavra.
Mas como traduzir toda a emoção
De quando a poesia em nós se instala?
Dei amplas asas a fértil imaginação
E movimento intenso à minha fala.
Pensei no lindo vôo do beija-flor
E suas vibrantes acrobacias aéreas
No equilíbrio da cena, um esplendor!
Divaguei por viagens mui etéreas.
Imagem recorrente, em minha mente,
Do pequeno pássaro, belo colibri.
Fez-se plena, congelada, renitente,
Que da alma, a poesia, logo abri.
Ah, mas a vida tem outras poesias:
Tem o mar, o sol, as estrelas e a lua.
Tem amor passeando em outras vias
E meninos com folguedos pela rua.
O instante poético é permanente
Brota dentro do peito e arrebata
O fôlego que inspira o ser da gente
E nos leva aos páramos da ribalta.
É por isso que é difícil esta foto
Do instante poético na retina.
Ao poeta não resta outro moto
Que a vida, linda vida, e sua sina.
O poeta percebe em tudo poesia:
No sorriso, na criança, também na flor.
Forte emoção que sua alma arrepia
Que importa se é branco, se tem cor?
Mas o poeta ainda tem tarefa
Mais difícil que o fazer poético:
Do trigo dourado, servir um efa
Ao leitor que se mostra cético.
O que o poeta conseguiu enxergar
Com os olhos da inspiração
Aos leitores ele quer passar
Como presente de seu coração.
Nova Friburgo, 13/03/2004 (11h35m).
quarta-feira, novembro 14, 2007
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