Quase escorreguei no lápis preto
postado, escondido, no asfalto.
Mas a manhã de sol acendeu
dentro de mim a lamparina roxa
que mudou o rumo do sapato.
Quando atravessei a rua, o
cachorro balançou o rabo e foi junto.
Eu cheguei do outro lado,
mas ele deu meia-volta e foi fuçar
o chão de terra batida à procura
do osso escondido.
Que tudo não ficou muito claro,
disso sei. Aliás, o asfalto era negro
como o piche que o envolvia
e fazia um pasticho asfáltico
das grandes avenidas da América,
tornando aquele piso sem fundo
personagem de meu sonho.
Quem há de me mostrar o que não vejo?
Serão os sóis interiores no universo
singelo das almas inquietas
ou serão os protagonistas do tempo
que me chamarão à consciência do existir?
Quero sucumbir cedo, após o jantar,
mesmo que a tarde já tenha caído e
a noite não tenha chegado de todo.
Meu ser adormece na penumbra do sol
que se foi e da lua que ainda não deu a sua cara.
As lâmpadas dos postes iluminados
salpicam a cidade de luminosidade.
Entes eólicos passeiam pelas fendas
dos fachos de luz. São espécimens
em extinção, como também o são os
seres humanos pensadores que vivem
de escrever poemas abstratos.
O meu trato com o papel é
não deixá-lo em branco,
mas não é por isso que este compromisso
se transforma em obrigatoriedade
sem inspiração.
Minha ação de escrever é mais que
letra: é compromisso com as emoções
que carrego dentro do peito e
me fazem viver.
Vida é existência,
mesmo que nas pedras do tempo.
Nova Friburgo, 11/07/2000(23h38m)
quinta-feira, novembro 08, 2007
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