Ser amigo...
O que é ser amigo?
Me fiz esta pergunta
com cara de primário
como se os segredos do Universo
não fossem coisas de Antiquário.
O que é ser amigo,
num mundo como o nosso
de relações supérfluas
e volúpias infernais?
Pode ser que a amizade
- num ser moço -
seja emoção melíflua.
O que é ser amigo,
num mundo tão carente
onde a via de mão única
quase sempre é adotada?
Ser amigo é oferecer a túnica,
a bolsa, a mesa e a cama
mesmo que não lhe venha nada
da parte de quem se ama.
O que é ser amigo,
senão o oferecer
de um ombro, colo e abrigo
para o outro sobreviver?
Ser amigo é mais que palavras
é um estado profundo d’alma
que se conquista em constantes lavras
com paciência de monge e calma.
Neste mundo não se tem
muitos amigos a sobrar.
Conta-se nos dedos aqueles
que a vida ensinou a amar.
É preciso, então, guardá-los
com as sete chaves do amor.
São jóias raras e caras
para as quais não há penhor.
Amigo que é verdadeiro
é o que perdoa e sempre esquece.
Esquece o erro, não a pessoa
pois essa nunca fenece.
E já que a amizade real
é fruto de entrega sincera
e não simples quimera:
para o amigo é vital!
O amigo não queima no fogo
não arde no ciúme das paixões.
A falta não o tira do jogo
a água não apaga as emoções.
Seu ânimo, o vento não espalha
e a chuva não derrete sua doçura.
Amigo não é nau que encalha
nas areias de qualquer aventura.
É por isso que me angustia
nessa altura de minha vida
perguntar com todas as letras
e na potência da minha voz:
- O que é ser amigo? Eu sabia...
Oh! humanidade enlouquecida!
Descobri que no amigo todas as setas
matam. Morre-se. E não há algoz!
Nova Friburgo, 20 de outubro de 2001 (7h49m)
domingo, novembro 11, 2007
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