quarta-feira, março 26, 2014

EM BUSCA DA POESIA

Procurava a poesia
e o ar que soprava me revestia de ânimo.
Mas, as palavras eram poucas,
e lhes faltavam a alta costura
que desenvolvesse um tema
e construísse um poema
cercado por clássica moldura.

Procurava a poesia
e havia liberdade
para que a construção dos versos
alcançasse estilo
e superasse as dúvidas
do isto ou aquilo
e me fizesse equilibrista
para que a busca da forma
não suplantasse
o verter da poesia do coração
que sonha e que espera em Deus.

E continuava esta busca
e me banhava nos rios dessa linguagem
e me envolvia no riso dessa aragem
e não havia gramática
que servisse de ponte plena
para extrair de cada grafema
a sonoridade do amor
na voz dos substantivos
ou em certa musicalidade
que só os corações poetas entendem.

E na busca dessa poesia
gastei livros e consumi cadernos
e derramei tintas multicores
espichadas em linhas pautadas
juntando palavras com emoções
e aconchegando versos próprios
em mangas de camisa ou
mesmo ternos bem cortados
alisando meu bigode
e coçando a cabeça
boquiaberto diante da inspiração...

E nesta busca intensa da poesia
a cada verso nascido de um átimo de paz
me redescobria inteiro em ritmo de jazz:
é verso e sonho palavra e ritmo
ação e movimento liberdade ao relento
e os versos traziam consigo um sonho sem igual
uma benevolência tamanha ao imo
e os ventos do Espírito sopravam
um jeito novo de andar, de ser e viver
mostrando em palavras esculpidas com o sangue
que poesia é vida, que se extrai até do mangue
quando o ser permite por ela ser tocado
quando o coração ama e se sente amado...

Josué Ebenézer – Rio Bonito,

24 de Março de 2014 (17h38min).

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