sábado, agosto 29, 2015

O INVERNO É LONGO COMO A DOR



Vi o frio chegando galopando nuvens
e cercando a Terra. Era agudo e insistente.
As noites quase não acordaram.
As manhãs insistiam, sonolentas,
em aconchegar o inverno gélido das montanhas.
E as portas das casas só se abriam em parcimônia.

Vi o vento açoitar rostos corados
e os lábios ressequidos tilintarem
na agonia do frio instalado.

Vi o frio chegando entre os sonhos não realizados.
E o congelar das palavras não pronunciadas
vi dos amores esquecidos, as ciladas
e a petrificação da esperança em minueto.

Vi mais com a pele, o discurso seco
vi com a derme, o sentir por fora
essa dor de dentro que não acaba nunca...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
15 de Julho de 2015 (04h58min).

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