Nestes
tempos tecnológicos
para
mim um tanto ilógicos
o
homem já não existe só
e
não sei onde vai parar...
É
o homo endofone
que
fez implante em seu corpo
de
um aparelho celular.
Por
onde quer que ele ande
onde
haja um da espécie
não
é difícil de ver.
Lá
está o homo endofone
com
o adereço nas mãos
me
inquieta entender.
Me
inquieta observar
o
homo endofone absorto
os
dedos mexendo nervosos
no
aparelho celular,
extensão
do próprio corpo.
O
mundo parece morto
enquanto
está a digitar.
Homo
endofone:
homem
ensimesmado,
homem
isolado,
trancado
em si mesmo.
Homem
absorto,
homem
quase morto,
um
pária social
que
perdeu o tato pra vida.
O
homo endofone
evita
o contato:
pele
com pele,
face
com face,
olhar
com olhar.
Suas
relações são intermediadas
pelas
tecnologias
– são
relações frias –
de
recato e solidão.
O
homo endofone
perdeu
a sensibilidade
da
lágrima nos olhos
da
face enrubescida
da
voz embargada
e
da vergonha na cara.
Sua
sensibilidade agora é eletrônica
mediada
por toques de celular
que
indicam o que se vai ler
com
quem se quer falar...
Tempo
bom era aquele
que
seu Zé estava logo ali
que
a Maria era cheia de graça
e
o João nos fazia rir.
A
gente tinha a presença real
de
gente de carne osso
cuja
sensibilidade era determinada
pelas
vertentes do coração.
Hoje,
o homo endofone
– não
importa se pequenino
ou
deste tamanhão –
se
esconde atrás de um telefone
e
pra isto eu tenho um nome
se
chama tecno-abstração.
Enquanto
seres envelhecem,
a
vida se esvai
e
celulares ficam obsoletos,
Diante
de olhos que secam,
sorrisos
que murcham
e
tempo que não se recupera
o
homo endofone se desintegra.
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
Cachoeiras de
Macacu, Itaboraí (em trânsito),
27 de Junho de 2014
(10h11min) – 28 de Junho de 2014 (07h34min).
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