Minha
ovelha morreu. Não sei o que dizer.
O
corpo não resistiu a tanta intervenção.
Foi
abscesso, originário de um cisto, que esquisito.
Me
disseram que poucos resistem à invasão de bactérias
quando
o intestino é um grosso.
Aprendi
na carne que amigo também morre
e
que a conjugação desse verbo
pode
ser em primeira pessoa,
sem
necessariamente ser a minha partida.
Eu
vi um povo triste chorando a morte do amigo.
E
meus olhos procuraram mãos sujas de sangue.
Mas
não havia culpados. E por que culpar alguém?
Quando
é vero que a vida um dia termina
e
não sabemos, de antemão, quem vai, quem vem?
A
tristeza que os olhos exprimem é um pouco da morte em mim.
E
há uns adjetivos que se infiltram no meio do discurso.
E
a gente sabe que emoção não sofre do mal de decurso
de
prazo. Ela chega sempre na hora certa. Então, não há atraso,
que
venha a justificar o não comparecimento da angústia.
Quanto
tempo demora uma lágrima para secar?
Como
se consegue engolir o choro e falar?
A
voz embargada trai a tentativa de segurar a emoção.
E
o poema chorado é mais que declaração de amor:
é
um misto de suavidade e dor,
é
sensação que se aprende vivendo,
é
um trem que surge apitando na esquina da serra
pedindo
insistente para passar pelos trilhos do coração.
Já
rimei irmão com separação
e
também já rimei abrigo com amigo.
Mas
quando percebi as lágrimas quentes descendo a face
e
quando o pranto, para espanto de muitos,
tomou
conta do meu ser, eu entendi o provérbio bíblico:
“há
um amigo mais chegado do que um irmão”.
O
que me consola neste momento
-
com capacidade de afastar tormento -
é
a certeza de vida eterna:
Ele
já foi! Um dia estarei lá com ele!
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
01 de Junho de 2014
(19h).
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