domingo, julho 06, 2014

COMO SE FAZ PARA JORRAR POESIA

Para alguns, ser poeta pode significar
vestir realidade com máscara de sonho
e até  mesmo vestir gente
com roupagem de bicho
ou descobrir um nicho
(qualquer)
à semelhança do farsante Maomé
que inventou um paraíso em algum lugar
provocando um inferno por aqui mesmo –
onde a veia aorta da inspiração
fizesse correr poesia como líquido precioso...

Mas, tal vida não haveria de entornar
uma gota sequer da preciosidade,
pois o que goteja dos favos,
o que corre nas veias,
o que jorra das fontes,
(o mel, o sangue, a água)
não verte vida em nada
vida opaca
pouca vida
vida parca.
Nada deságua.
E entope, interrompe, encalha
enquanto o amor não rompe
os interditos do amanhecer
e em nossa vida irrompe
em doces alegrias do viver...

Então a poesia é um glorioso momento
um jorrar da seiva-alimento
que o poeta divide com os corações
que são capazes de dançar na chuva fina do verão da vida.


Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

01 de Junho de 2014 (19h10min).

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