A
esperança? Tem pernas,
mas
anda pouco. E é lerda.
Arrasta
passos como lesma
mais
alheia que engajada
ante
o nosso desespero.
Se
fosse um pássaro, seria filhote
ainda
aprendendo a voar; inseguro.
Se
fosse um felino das savanas
estaria
atingido por um paralisante qualquer.
Se
fosse um filme, rodaria em câmara lenta,
passando
frame a frame o sonho da vida.
Mas,
ainda assim, seria esperança...
Ela
tem existência firme de rocha.
Tem
peso e consistência, embora se
apresente,
muitas vezes, invisível
ou,
quando muito, palidamente perceptível.
Por
vezes, não tem nada a dizer
ou
a mostrar, exceto os sinais
da
sua presença que precisam ser
enxergados
com os olhos da fé.
Esperança
e fé são indissociáveis.
Esperança
é o truque da paciência
jogado
com perseverança.
Mesmo
sendo lenta a gente não
consegue
ultrapassá-la.
Pra
ser esperança ela tem que andar
pelo
menos um pouco à frente,
pois,
quando é transposta
ela
deixa de existir.
Esperança
é o amor que ainda não aconteceu,
o
emprego que está prestes,
a
viagem dos sonhos que só se faz em pensamentos.
É
o pretendido que ainda não se teve
e
o sabido que não se aprendeu ainda.
Ela
não tem inseguranças
não
se confunde com possibilidades
não
para em encruzilhadas
nem
se lhe apresentam bifurcações mil.
Esperança
é apenas a visão
inconteste
do alvo à frente
tendo
o arco suspenso nas mãos
e
o rosto estático a mirá-lo
com
a respiração suspensa
enquanto
a seta ainda está voando...
São
indicativos da esperança:
os
olhos sonhadores,
a
determinação inamovível,
a
palavra com confiança
e
a paciência em relação ao longo-curto
voo
do pássaro que está livre
nos
céus do pensamento...
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
04 de Março de 2015
(05h32min).
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