sexta-feira, abril 17, 2015

A ESPERANÇA

A esperança? Tem pernas,
mas anda pouco. E é lerda.
Arrasta passos como lesma
mais alheia que engajada
ante o nosso desespero.

Se fosse um pássaro, seria filhote
ainda aprendendo a voar; inseguro.
Se fosse um felino das savanas
estaria atingido por um paralisante qualquer.
Se fosse um filme, rodaria em câmara lenta,
passando frame a frame o sonho da vida.
Mas, ainda assim, seria esperança...

Ela tem existência firme de rocha.
Tem peso e consistência, embora se
apresente, muitas vezes, invisível
ou, quando muito, palidamente perceptível.

Por vezes, não tem nada a dizer
ou a mostrar, exceto os sinais
da sua presença que precisam ser
enxergados com os olhos da fé.
Esperança e fé são indissociáveis.

Esperança é o truque da paciência
jogado com perseverança.
Mesmo sendo lenta a gente não
consegue ultrapassá-la.
Pra ser esperança ela tem que andar
pelo menos um pouco à frente,
pois, quando é transposta
ela deixa de existir.

Esperança é o amor que ainda não aconteceu,
o emprego que está prestes,
a viagem dos sonhos que só se faz em pensamentos.
É o pretendido que ainda não se teve
e o sabido que não se aprendeu ainda.

Ela não tem inseguranças
não se confunde com possibilidades
não para em encruzilhadas
nem se lhe apresentam bifurcações mil.
Esperança é apenas a visão
inconteste do alvo à frente
tendo o arco suspenso nas mãos
e o rosto estático a mirá-lo
com a respiração suspensa
enquanto a seta ainda está voando...

São indicativos da esperança:
os olhos sonhadores,
a determinação inamovível,
a palavra com confiança
e a paciência em relação ao longo-curto
voo do pássaro que está livre
nos céus do pensamento...

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
04 de Março de 2015 (05h32min).


Nenhum comentário: