quinta-feira, junho 19, 2014

MORANGOS SILVESTRES

Por muito tempo amei os morangos
silvestres e o azedinho da mordida.
Traziam recordações da infância e do
tempo da vida mansa e dos sonhos inocentes.
Acrescentava à memória:
os pés descalços e a ânsia do aprender.
E eu, por muito tempo amei os morangos
silvestres e o azedinho da mordida.
Mas a capina feita no terreno aqui de casa,
pôs abaixo uns tardios morangos silvestres
de minha pequena vida grande.
Meu amor por eles era como de
companheiro de início de jornada.
À beira do caminho eles acompanharam
meus primeiros passos e estavam sempre à mão
quando os olhos vasculhavam o chão.
Foram testemunhas de não sei quantas orações
e se deixaram regar por inquietas lágrimas juvenis.
Mas, junto com o matagal, estes morangos tardios se foram.
E aquele vermelho-róseo tão viçoso
escondido em tenras folhas verdes do viver,
embaladas pelo vento da montanha,
e no verter das águas ao som do canto do riacho –
estão desaparecendo lentamente do imaginário também.
Já começam a ficar distantes (como a existência)
embora o azedinho continue gravado
na saliva ocasional.

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

09 de Maio de 2014 (14h25min).

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