Eu
do gabinete nada sei; o povo caminha.
Imaginei
um acidente, mas errei.
No
meio da multidão, um homem chorava.
Choro
de macho.
Que
ressente o desemprego
e
a fome das crias no casebre da favela.
Eu
próprio quis andar em meio àquela turba.
Mas
eram inadequados os meus passos.
Eles
careciam de cadência.
Mas
insisti.
Precisava
aprender a caminhar esperanças.
Como
o que só descansa
quando
cavalga a ousadia
montei
em alados alazões
e
ganhei horizontes...
Os
pés que ganharam asas
já
não pisam estes chãos
e
a multidão me segue com o olhar,
como
um exército que marcha
firme
olhando para os céus.
Não
recebi a fraqueza dos covardes
e
nem bebi da água dos medrosos.
Coube-me
a valentia dos que sonham,
a
determinação dos que têm fé,
e
a intrepidez dos que ousam.
E,
agora, depois que abandonei
o
ar-condicionado,
respiro
o ar-puro da esperança
e
carrego comigo uma geração que sonha.
Cheguei
atrasado? Não.
Apenas
ingressei quando todos
já
sabiam o que olhar.
E
era vero o dito
que
não bastava caminhar juntos,
mas,
necessário, os olhares direcionados...
Não
me foi dado ver um povo sofrendo
–
e ver uma geração –
sucumbir
ante o descaso e a corrupção.
Não
me foi dado cruzar os braços
e
encurtar os passos.
Não
me foi dado ver e não me compadecer.
Se
estes olhares me veem e me chamam
continuarei
a subir os degraus dos meus sonhos.
E
carregarei comigo a multidão dos que amam,
dos
que não renegam a fé
e,
de pé,
gritam
o brado ousado da vitória.
Josué Ebenézer – Nova
Friburgo,
08 de Abril de 2014
(14h59min).
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