Começo
este poema em Saquarema
mas
é da árvore da vida do Éden
(com
o encanto do primeiro casal)
e
do medo de Abrão de se comprometer
(porque
Sara, sua esposa, era bela)
que
vou deixar meu coração falar.
O
registro do amor – e do medo de amar
da
humanidade –
percorre
minhas veias neolatinas
e
as artérias se dilatam com a passagem do tempo
e,
sobretudo, da poesia.
É
a sombra das palmeiras da Palestina
que
vou encontrar-me com Jacó
na
tenda de Raquel.
Por
ali vou passar dias
até
conhecer Benjamim.
Vou
trabalhar, trabalhar, trabalhar
até
mais sete anos depois de Lia
cujos
olhos enfermos me perseguem dia após dia.
Vou
reconhecer minha humanidade
e
conscientizar-me dessa fragilidade
dos
elos parentais.
Mas
vou reconhecer que a paixão humana,
esse
amor que de nós emana,
promove
uniões vitais.
Vou
embarcar na mesma nau que Jonas tomou.
Não
sei se chegarei a Társis ou Nínive.
Talvez
pule antes em qualquer ponto do mar
sem
que passageiros ou tripulação
deem
conta de minha deserção.
Talvez,
nem como Jonas,
aprenda
a amar o estranho.
Nem
depois, nem mais para depois.
Ainda
que muitas aboboreiras
se
ressequem e murchem e desapareçam.
Não
sei se estou apto a ouvir a voz da compaixão.
A
canção do amor vem do mar,
vem
da Galiléia,
vem
do Cristo que anda sobre as águas...
E,
eu, como Pedro,
sou
convocado a ir ao encontro do Mestre.
Mas
tenho que amar a Deus sobre todas as coisas.
Tenho
que amar a mulher da minha vida.
Tenho
que amar o próximo
-
seja lá quem for ele; de perto ou de
longe –
Preciso
ter um amor global,
como
o Mestre.
Universal,
como
o Pai.
E
tem tanta gente estranha neste mundo.
Tem
tanta gente suja, sem banho e malcheirosa.
Tem
tantos com dentes podres na boca
e
hálito fétido de matar e de morrer...
Piores
são aqueles que têm boca podre na alma...
Mas,
eu não posso discriminar.
Como
o Pai, preciso demonstrar amor
e
deixar que esse amor de Deus,
soprado
em mim primeiro,
no
fôlego da vida;
e
depois, no amor de meus pais;
e
depois, no amor de meus irmãos;
e
depois, na infusão do Espírito;
e
depois, no amor de minha esposa;
e
depois, no amor de meus filhos;
acenda
em mim a chama de um amor
que
é brasa viva, sopro do Espírito, fogo no altar,
chama
incandescente e flamejante do verdadeiro amar.
Aqui
no Vale Encantado –
essa
canção que vem de Deus
e
aquece meu coração –
percorre
vales e montanhas,
céus
e mares,
e
musicaliza meu po(e)mar,
maduro
de sonhar...
As
folhas nas árvores dançam
à
luz do sol nascente
na
construção desse vivo poema
quando
me despeço de Saquarema.
Josué Ebenézer – Saquarema,
06 de Abril de 2014
(09h32min).
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