A João José Soares Filho (In Memorian)
Éramos dez: Papai, mamãe e oito irmãos.
À moda de futebol de salão, cinco para cada lado.
(Nesta metáfora, papai seria o goleiro dos meninos
e mamãe agarraria para as meninas.)
Os primeiros quatro deu empate em dois a dois
distribuídos assim mesmo:
Júlia e Jerusa. João Marcos e Josué Ebenézer...
Era o que se podia chamar de escadinha:
Aquela filharada pequena
revezando-se ensimesmada na barra da saia da mãe!
Estes quatro primeiros (outro time viria depois),
duas meninas e dois meninos,
são os que Friburgo herdou de outros ares
nos quais papai e mamãe andaram navegando suas esperanças...
Destes, três deles empatavam todo ano,
na idade e no fazer plano.
Foi o que se descobriu depois.
Jerusa, de 1961.
João Marcos, de 62
e Josué Ebenézer, de 63.
Menos de um ano entre eles
que blasonavam por poucos dias
o terem a mesma idade do mais velho.
Este foi o trio sacro que vinte anos depois
foi preparar-se para a Obra do Senhor:
Jerusa como Educadora Religiosa,
João Marcos, Ministro de Música
E Josué Ebenézer, consagrado Pastor.
Se os quatro primeiros anos de ministério
pré-friburguense
deram a papai-mamãe quatro filhos,
os quarenta anos que se seguiram
nesta franja da Serra dos Órgãos
acrescentaram outros quatro.
Nesta seqüência - agora, intercalada –
Jemima e Jason Lúcio. Júnia Cláudia e João José.
Menina e menino, numa casa onde sempre
havia um bebê para ser acarinhado.
Quão bom era morar naquela casa,
abarrotada de gente, criança pra todo lado,
correria e gritaria de folguedos intermináveis!
A gente se esbarrava no outro,
pois o índice de habitantes por metro quadrado
era de uma densidade fantástica!
Embora a Globo nunca tivesse mostrado isso...
Mas, lá se vão catorze anos, que a mais velha se foi.
Júlia, nossa querida mana, deixou-nos naquele dia.
A doença em uma semana, a consumiu.
E também nossa farra e folguedo. Nossa alegria.
Éramos dez, viramos nove.
E o que mais me comove
nesta altura de meu pensar
é que por mais que outro venha
como o Marcos Filipe, filho de Júlia,
ninguém ocupa o seu lugar.
Fica um
b
u
r
a
c
o enorme no coração da gente!
Papai gostava de nomes compostos
- talvez, porque o seu o era.
Dos oito, cinco tinham:
Todos os meninos e a mana mais nova!
Também não abria mão dos nomes bíblicos
E, diga-se de passagem,
(esta frase ele usava muito!)
ele sabia escolhê-los!
Sobre a letra “J” da família toda
- “família firi-fim-fim”
(como ele carinhosamente a chamava) –
isso é outra história que será contada outra hora.
Porque agora,
agora é hora de falar dele, que se foi,
e nos deixou na saudade...
Éramos dez,
tornamo-nos nove
e agora já somos oito.
Papai partiu
e deixou um enorme no coração da gente!
v o
a i
z
Há uma dor profunda
que só quem passa por momento como esse
pode aquilatar!
- Que dor!
- Que aperto!
A cabeça gira, o mundo rodopia...
E a gente tem que encontrar o próprio chão,
pois parece que fomos descalçados de sustentação.
Éramos dez, e agora somos oito.
Mas esta conta não é de uma matemática
simples, exata.
Ela é mais complicada.
E jamais foi sequer esboçada:
Na matemática da vida,
quando há amor,
um mais um é igual a muitos!
Foi assim lá em casa:
Papai e mamãe deram origem
a oito filhos
que multiplicaram-se em dezesseis netos.
É por isso que disse que
esta matemática é complicada
e difícil de ser explicada:
Éramos dez, dois se foram,
e embora seus lugares estejam vazios
- impossível preencher estas lacunas –
nossos corações voejam como plumas
pois a paz de Deus repousa neles.
Dez que eram.
Dois que já foram.
Dezesseis que vieram.
E a progressão é geométrica!
Isso porque no solo de suas existências
foi plantado muito amor.
E sendo Jesus deles Senhor
multiplicaram-se as experiências
e vidas foram salvas,
manhãs se fizeram alvas
ajardinando os céus de hortências
onde perfuma o Cristo nas almas.
Nova Friburgo, 23e24/12/2004(4h10m-6h26m).
segunda-feira, janeiro 21, 2008
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