Porque hoje é o último dia
De um ano que vai-se embora.
Já sinto uma grande agonia
Neste ser que pede e
implora.
Se não bastasse o
sofrimento
Que impõe dor e a alma
chora.
Como suportar este tormento
Que invade a paz e a
deflora?
O Ano foi-se e a esperança
Com o cavaleiro e sua
espora.
Sofreu as perdas desta
andança
De tanto açoite a qualquer
hora.
Sofreu os percalços de uma
lida
Em que a fé, quase evapora.
Mas que ganhou uma
sobrevida
Vindo à galope, sem demora.
Este Novo Ano que vida nova
Vai trazendo e ao Velho
implora:
Que finde logo já que se
inova
O calendário a partir de
agora.
O Novo Ano traz um novo
verso
Poesia linda, minh ’alma
decora.
Que traga ventos, exato
inverso
Sopro de vida que não
descora.
O rublo sangue que corre na
veia
Me leva em sonhos, mundo
afora.
E enrodilhado nesta bela
teia
Sou poeta grego numa bel
ágora.
O Ano passou, secam-se
lágrimas
A felicidade, o meu sonho
escora.
Buscarei da vida novos
paradigmas
Pois o Velho Ano o tempo já
devora.
Choro não pelo Velho estar
nas últimas
Mas o medo do Brasil viver
diáspora.
Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
30 de Dezembro de 2016 (14h25min).