quarta-feira, julho 02, 2008

TAL É A VIDA

Como o tempo assovia canções tocando epidermes sensíveis,
como a pedra endurece relações criando barreiras visíveis,
tal é a vida impregnada de contornos, causando transtornos,
provocando retornos neste ir e vir sem saber ao certo onde ir...

O tempo é marcado não só pelo relógio, mas pelos eventos:
A vida é um fuxico só, enfeixado de muitos acontecimentos.
E a gente vai caminhando escutando as canções que o tempo
nos apresenta sem cerimônia ao sabor da regência do vento.

E enquanto as canções que o tempo, pelo vento, nos faz chegar
vão acostumando nossos ouvidos a estas novas canções de ninar.
Nosso ânimo se esboroa, fenece, e nem sequer revolta aparece.
Nossa vida enfraquece e já nem temos forças pra fazer uma prece.

Somos anestesiados pelo homem moderno que ama o vil metal,
de modo que desaprendemos a amar e optamos pela via do mal.
O Bem foi desarticulado e as relações humanas se fizeram áridas.
Há muito barulho de Rock’n Roll e quase não se ecoam as árias.

Por isso, corações empedernidos tomaram o lugar dos sensíveis
e as projeções do amar, ser feliz, ajudar, fizeram-se invisíveis.
E da pedra que fez os corações duros e duros os sentimentos
se construiu um Muro de Vergonha carregado de sofrimentos.

Tal é a vida de quem entrou neste sistema-mundo e já sem forças
não consegue lutar para criar sua identidade e sofre nestas forcas.
A barreira criada pelos muros de pedra dos corações sem amor
exige dedicação de alpinista do sentimento para expulsar sua dor.

Mas, ainda bem, que é possível reconhecer da vida o ciclo mítico
de nascer-viver-morrer-renascer e não se acostumar ao paralítico.
Pois, como o homem é a esperança que se vê no sorriso de criança;
assim a vida é o homem em sua andança fluindo da paz a bonança!

Nova Friburgo, 04 de Março de 2005. (6h40m).

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