Solitário.
Para
além da cadeira de balanço
da
sacada do chalé da montanha.
Só o
horizonte e os pássaros esvoaçantes
acenando
firmes na liberdade possível...
Mas,
dentro do peito: quanta prisão,
quanto
sonho contido, quanta folha
ainda
presa na árvore, quanto fruto verde
que
não se sabe ainda, se vingará
naquele
coração solitário de noite pé-de-serra.
Solidão
– uma palavra-prisão,
conceito
idiotizante, afunilamento,
inutilidade
da existência, reclusão,
amortecimento
do corpo, anestesiamento da alma,
saudades
de um não sei o que ainda não vivido...
Uma
revolta, uma espera,
um
Natal sem luzes e sem cores,
um
amargo sentir que o verão está vindo aí
e se
está preferindo ficar trancado dentro de casa.
No
silêncio, na tevê desligada,
no
corpo jogado sobre o lençol amarfanhado
ao
som de mudas canções e
bocas
fechadas ante a geladeira vazia
e a
alma perigosamente inexpressiva.
Porém,
eis a grande sacada;
não a
do chalé, mas a do velho mestre
que
descobriu o sentido da vida.
Quem
tranca se destranca,
quando
destrava os medos da alma
como
um novelo de lã
que
se joga do alto do edifício
e se
vê o fio estender-se longilíneo.
A
vida tem comprimento diferente para cada ser.
Na
conversa com a alma nos entendemos
e
desvelamos nossos segredos de existir...
Josué
Ebenézer – Nova Friburgo,
19/12/2018 (10h35min).
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