quinta-feira, dezembro 27, 2018

OS PREGADORES


Aos
Sinceros pregadores da Palavra
destes brasis de Deus.

Nos templos do bairro, os eloquentes pregadores
da Palavra que arrebata são bons fornecedores:
olhos sem vida, ouvidos surdos, corações sem paz
se curvam ante o arrebatador púlpito que reflete...

na Palavra que é como espada cortante
na dimensão dos inquietos espíritos livres
na fisionomia dos que têm sede e precisam
ver jorrar águas abundantes da fonte da vida.
Visões turvas, pupilas embaçadas,
choros amargos de um não querer querendo
a interminável expectativa do oráculo,
a voz da sabedoria que seca lágrimas
ao Vento do Espírito que bate suave...

Os pregadores são eternos atalaias.
Eles precisam dar conta dos conselhos de Deus.
“Quem vem? Quem vai?” a congregação em ebulição;
gente que passa por ali em busca de paz.

E como ponteiros de relógio
esta gente está sempre avançando,
mesmo que andando em círculos
sem chegar a lugar algum.
Nem todo João de Deus é de Deus mesmo;
e disso já sabia quem conhece a Palavra.
Só os incautos são enganados;
os escolhidos, não!

                                Os pregadores são espelhos
em que o caráter de Cristo é percebido
e o fiel desfila suas angústias e pecados
nessa procissão humana de descortinar rituais
onde velhos monges, pastores jovens,
missionárias com mais dedicação que preparo
desfilam barbas, vestimentas e unhas pintadas
na explanação sincrética do texto sagrado
em horas que vêm e que se vão como pássaros
em pensamentos fugidios e escancaradas alegrias.
As horas não envelhecem – nem têm tempo –
simplesmente morrem, vida efêmera;
mas, para os pregadores, é sempre kairós.

Aos domingos, os pregadores vão iluminando vidas
nos cultos matutinos e nas celebrações noturnas.
Ágeis e sábios ou lerdos e repetitivos
folheiam o Livro Santo e fazem jorrar sóis
e espargem raios de luz nos corações trevosos
que deixam de ser cidades em ruínas
para constituírem-se em uma Nova Jerusalém.

Josué Ebenézer Nova Friburgo,
19/12/2018 (10h08min).

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