Aos missionários que deixam sua pátria e família
e se lançam no cumprimento de sua missão
sem saber se voltarão para casa...
Repousa no triste solo –
da ilha dos irmãos Castro
e de Fulgencio Batista –
como uma rosa sem talo,
como bandeira sem mastro:
o “Cementerio Bautista”.
Cemitério missionário
onde foram acolhidos
os que a tudo deixaram.
Cada qual um perdulário
ao Espírito dando ouvidos
em Cuba a vida gastaram.
São aqueles que aceitaram
o apelo sacrossanto
de a vida consagrar.
São aqueles que partiram
deixando os seus em pranto
e se lançaram ao mar.
Ante o “Ide” de Jesus
por todo mundo e fazer
do perdido um cristão.
Acenderam sua luz
e a Cristo resplandecer
foram na escuridão.
Foi isso que contemplei
em lampejo missionário
estando eu em Havana.
Foi isto que vislumbrei
diante do cemitério
morto em meio à savana.
Mas o que está vivo em mim
e se acende até hoje
é o cuidado com os seus.
Esta mensagem é sem fim:
“Quem aos mortos, vida trouxe;
torna-os vivos para Deus.”
Quem cuida hoje dos vivos;
que apresentam compaixão
para ganhar o gentio.
Não os deixa esquecidos
quando a pátria do coração
se faz “sequidão de estio”.
As cruzes em cada túmulo,
espetadas bem no alto
e nas lápides, os nomes.
Para muitos é o cúmulo
do absurdo e um assalto
à vida e seus pronomes...
Mas, se a alma vale mais
que o mundo inteiro junto
como nos diz a Palavra.
Não será nada demais
acabar como um defunto
em meio à missão que salva.
Pousa ali no cemitério
naquelas ervas que crescem
em horas paralisadas...
O espírito missionário
enquanto ali adormecem
tantas vidas consagradas.
O lugar é um monumento;
uma homenagem às missões
levantadas nos desertos.
Abstrata cena de momento
em que avisto corações
que por Deus foram despertos.
Já vi nos campos do mundo
onde a fé se foi plantar:
creches, templos e escolas.
Mas pra mim foi mais profundo
um cemitério encontrar
em meio à tantas esmolas.
Se é ausência e presença
a cena ante meus olhos
do cuidado com os já idos.
Qualquer, que um pouco pensa
sabe que volta com os molhos
quem semeia aos sofridos...
Pode crescer o abandono
nos cemitérios distantes
onde estão homens de Deus.
Mas todos sabem que o Dono
dos mortos, vivos, errantes
nunca abandona os seus.
Preciosa é ao Senhor
a morte de cada santo
que em vida foi escada.
E se cumpre do Amor
(mesmo sepultos no manto):
“Depois de morto, inda fala!”
Josué Ebenézer –
Nova Friburgo,
28/12/2018 (05h43min).
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