No Culto, a Oração
Silenciosa...
O pastor conduzia o
momento de contrição
era em maio:
o frio já começava na
serra,
tão serrana era minha vida
no silêncio dessa oração
(como o mês das mães me
lembra o bebê que não vingou!)
Eu carregaria para sempre
comigo essa lembrança
e as copiosas lágrimas,
dos cultos passados com Deus.
Guardo o perfume das
primaveras, e o dos talcos e loções para bebê
o vento serrano balança
minhas orações.
Ainda há lágrimas
interiores, agora em olhos secos!
Minha vida ficou presa no
passado
de um pecado não
confessado.
Minha vida está suspensa
por um fio de oração.
Como o pastor foi sábio
naqueles momentos de oração silenciosa...
Sua voz conduzia a
congregação à intimidade com Deus,
e eu me debulhava em
lágrimas
como espigas de milho
secas, descascadas, ao Sol.
Cada vez é maior a minha
sombra no chão do remorso...
Passaram-se os anos
e um filme curta-metragem
roda inteiro em meu
coração vagabundo.
Toda vez que o piano faz o
interlúdio de fundo
–
para as falas do pastor e o silêncio da congregação –
ouço as batidas de meu
coração aflito
e tenho certeza, que no
passado, os que perto estavam,
escutavam sua aceleração
desenfreada.
E onde estás,
arrependimento,
longo como espada de dois
gumes que atinge a alma?
Restaurador, tua visita
traz alívio e calma
para o cansado e aflito
dentre os homens:
és o semeador de trigo nos
campos prontos.
Lembre dos que sofreram a
dor da miséria:
do pecado secreto; do
pecado parceiro;
do pecado coletivo; do pecado
da omissão...
Todo pecador sofre de
novo, sofre sempre,
enquanto não buscar o seu
perdão!
Venha, arrependimento,
fazer o corpo pesado bater
asas
e leve-o aos páramos
divinos.
Ah, volver ao passado,
volverei!
Hoje trajo-me de vestes brancas...
Nos momentos de oração
silenciosa me curei.
Só Deus sabia da minha
ingrata dor.
Fui moço, já sou velho, e
no desamparo
não há um justo sequer!
Todos pecaram e
destituídos estão.
Quando eu era menina...
quando eu era moça...
pensava, falava e agia
como tal.
Os meninos de Olaria,
os jovens do Centro,
as meninas do Prado,
os senhores da cidade e do
mundo:
cada morro da cidade
acolheu seus sonhos...
Amadureci.
Por que a noite chegou tão
rápido?
Ah, se não foram as
Orações Silenciosas
dos cultos da minha vida,
das falas do meu pastor,
das canções insinuadas,
das lágrimas internas,
das preces balbuciadas
sem forças e até sem fé...
Ah, se não foram as
Orações Silenciosas
minha tábua de salvação...
Fala Deus!
Josué
Ebenézer – Nova Friburgo,
24/05/2018 (05h01min).
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